Dados do Trabalho


TÍTULO

RESSECÇAO DE CARCINOMA EPIDERMOIDE RECIDIVANTE EM BASE DE CRANIO

INTRODUÇÃO

O carcinoma epidermoide de cabeça e pescoço é um dos tipos de neoplasia com maior morbimortalidade no Brasil, e está diretamente relacionado ao tabagismo, e, também, ao etilismo. Estes tumores apresentam taxas de recidiva elevadas, o que explica a taxa de mortalidade de cerca de 39% em 5 anos após tratamento de recidiva.

RELATO DE CASO

P. R. G., 62 anos, branco, masculino, marceneiro, tabagista (48 anos/maço), etilista inveterado. Paciente encaminhado da Unidade Básica de Saúde do seu município de origem há 7 anos para o serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital Santa Rita da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre (ISCMPA). Em sua primeira consulta, o paciente relatou disfagia, disfonia e linfonodo palpável em região cervical anterior, os quais foram percebidos há cerca de 7 meses, com evolução progressiva. Ao exame físico, paciente apresentava forte odor tabágico e massa palpável, com cerca de 2,7cm em seu maior eixo, em região cervical anterior direita, indolor, fixa, de limites irregulares e consistência pétrea. Fora solicitado exames laboratoriais pré-operatórios, e nasolaringoscopia para elucidação diagnóstica. A nasolaringoscopia evidenciou lesão vegetante de aproximadamente 3cm em terço proximal laríngeo, de limites imprecisos, com septações grosseiras, sanguinolenta, com implantação na prega vocal direita, que estava edemaciada, e com dificuldade vibratória ao estímulo vocal. Neste procedimento, retiraram-se dois fragmentos da lesão e enviados para estudo anátomo-patológico, que diagnosticou carcinoma epidermóide. O paciente foi submetido à laringectomia total, em março de 2013, e teve boa evolução pós-operatória imediata. No 4º ano após a cirurgia, em ressonância nuclear magnética de controle, fora evidenciada lesão recidivante em fossa anterior da base do crânio. Após discussão com o serviço de Neurocirurgia e Radioterapia, o paciente realizou radioterapia neoadjuvante, com diminuição parcial da lesão. Três meses após o tratamento radioterápico, o paciente foi encaminhado à cirurgia. A abordagem cirúrgica foi feita via nasal e transcraniana, junto à equipe de neurocirurgia. A lesão óssea foi ressecada parcialmente, estava contida no osso esfenoide, e media cerca de 4,2cm. O paciente ficou internado em unidade de terapia intensiva por 4 dias, sem complicações pós-operatórias, e, após melhora clínica, permaneceu por mais 17 dias em enfermaria no Hospital São José. Em consulta de seguimento, 1 mês depois, apresentava-se em bom estado geral, sem sinais focais, alimentando-se por sonda nasogástrica, com boa evolução da ferida operatória.

DISCUSSÃO

Devido à irressecabilidade total da lesão, questiona-se a utilização de quimioterapia paliativa no caso relatado, reservada aos casos em que uma nova intervenção cirúrgica é considerada inviável. Ademais, o que deve ser pensado, neste sentido, é que há chance de este paciente apresentar uma nova recidiva, caso não se intervenha na lesão residual, o que viria a diminuir ainda mais sua sobrevida.

Área

CIRURGIA CABEÇA E PESCOÇO

Instituições

ULBRA - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Pedro Henrique Cardoso Dall’Agnol, Félix Kalicki Castilho, Júlia Tonietto Porto, Juliana Menezes Zacher, Laetitia Trindade, Lucas Pastori Steffen, Matheus Presa Barbieri