TÍTULO

MUCOCELE DE APÊNDICE - RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

Mucocele de apêndice é uma patologia rara, caracterizada por dilatação obstrutiva do lúmen apendicular com acúmulo de muco em seu interior, tornando sua parede mais delgada. Representa até 8% dos tumores de apêndice e 0,5% dos tumores do trato gastrointestinal. Predomina no sexo feminino e acima de 50 anos.

RELATO DE CASO

Paciente masculino, 45 anos, 75 kg, encaminhado ao ambulatório de Cirurgia Geral do Hospital Santa Casa de Montes Claros – MG, queixando dor em fossa ilíaca direita, sem irradiação, há 2 anos, com piora há 01 mês. Relata dificuldade para evacuar. Nega anorexia e perda ponderal. Realizou TC de abdômen, que evidenciou dilatação acentuada do apêndice cecal, sem densificação da gordura adjacente, espessamento parietal ou fator obstrutivo, sugerindo mucocele do apêndice. Submetido à cirurgia, apresentava tumoração em apêndice, aderida ao ceco, livre de alças de delgado e restante do cólon. Fígado, baço, intestino delgado e meso sem nodulações e sinais de carcinomatose. Realizada ileocolectomia com anastomose latero-lateral ileotransverso com grampeador linear e reforço manual com fio inabsorvível. Apresentou boa evolução clínica e recebeu alta no 4º dia de internação. Retornou ao ambulatório com resultado de anatomopatológico: Adenocarcinoma mucinoso não invasivo com displasia de alto grau do apêndice cecal, com extensão até muscular própria e margens cirúrgicas livres. Sem invasão linfoangiolinfática. Proposto controle com TC de abdome total, colonoscopia e CEA com 60 dias, sem indicação de quimioterapia.

DISCUSSÃO

As etiologias mais comuns são de origem neoplásica. Outras causas incluem obstrução, hiperplasia da mucosa, volvo e tumor muco-secretor. Cerca de 2/3 dos casos é diagnosticado incidentalmente em exploração imaginológica ou cirúrgica do abdome. O terço restante, como foi o caso descrito, pode apresentar dor abdominal aguda ou crônica em quadrante inferior direito, semelhante à apendicite, associada ou não à massa palpável e perda ponderal. A TC de abdome é o melhor método diagnóstico da mucocele, que aparece como massa cística encapsulada, redonda e de parede fina. O apêndice apresenta-se distendido ao ultrassom, cuja ecogenicidade depende da quantidade de muco. Um sinal ecográfico específico é a aparência de “casca de cebola”. O tratamento cirúrgico pode ser apendicectomia ou hemicolectomia, sendo esta, segundo alguns autores, preferível nos casos malignos a fim de preservar margens livres, evitar perfuração e extravasamento para a cavidade abdominal com risco aumentado para pseudomixoma peritoneal. Todavia, essas e outras complicações como obstrução, hemorragias, intussuscepção são infrequentes. O prognóstico das formas benignas é ótimo, já para as formas malignas, dependerá da extensão do tumor e varia de 30 a 80%. No caso descrito, como o apêndice estava íntegro o ato cirúrgico transcorreu sem ruptura do órgão para a cavidade abdominal e não foram encontrados implantes peritoneais.