Dados do Trabalho


TÍTULO

HERNIA DE AMYAND EM PACIENTE ATENDIDO EM CAXIAS DO SUL, RS

INTRODUÇÃO

A hérnia de Amyand foi descrita pela primeira vez como a presença de apendicite aguda no interior do saco herniário inguinal, sendo também designada mesmo na ausência de inflamação, sendo uma condição rara, correspondendo a 1% das hérnia inguinais, estando associada a apendicite em 0,1% dos casos.
Apresenta ligeira predileção pelo sexo masculino e tem manifestação clínica variável, dependente da extensão do processo infeccioso apendicular e da presença ou não de contaminação peritoneal, sendo o diagnóstico feito na maioria dos casos, durante a intervenção cirúrgica de urgência.

RELATO DE CASO

Paciente masculino, 30 anos, com queixa de dor em fossa ilíaca direita irradiada para região escrotal ipsilateral há cerca de dois dias, sem outros sintomas associados. Ao exame físico, apresentava dor à descompressão em fossa ilíaca direita, com sinais de peritonismo. Apresentava hemograma com 17470 leucócitos e 83% de neutrófilos, além de proteína C reativa de 219,5. A tomografia computadorizada mostrou densificação da gordura ao redor do apêndice e do ceco, associada à moderada quantidade de líquido livre próximo ao ceco e na pelve.
Realizada videolaparoscopia, que, além de líquido livre, identificou hérnia inguinal indireta à direita, sendo o apêndice cecal inflamado, conteúdo do saco herniário, compondo hérnia de Amyand. Foi submetido a apendicectomia laparoscópica e não foi abordada a hérnia no mesmo momento, visto que se tratava de uma cirurgia infectada.
O paciente seguiu acompanhamento pós-operatório sem sintomas relacionados à hérnia, aguardando hernioplastia eletiva.

DISCUSSÃO

A localização anatômica do apêndice cecal à direita predispõe a sua penetração nos defeitos herniários que acometem a região inguinal, mesmo que raramente.
Quando sem apendicite associada, os sinais clínicos caracterizam-se por abaulamento da região inguinal e dor, principalmente aos esforços. Na presença de quadro inflamatório agudo a dor abdominal é mais intensa.
Nos casos de dor pélvica e de escroto agudos, o emprego da tomografia computadorizada pélvica é considerado o melhor método diagnóstico de imagem, embora a confirmação só se dê no momento da intervenção cirúrgica, como no caso relatado.
A hérnia inguinal encarcerada ou estrangulada por si só requer tratamento cirúrgico. No que diz respeito ao tratamento das hérnias de Amyand, a realização de apendicectomia e o tipo de reparação da hérnia, com ou sem prótese, são determinados levando-se em conta a presença ou ausência de apendicite aguda e se há ou não peritonite associada.
Na presença de inflamação aguda do apêndice cecal está preconizada a realização de apendicectomia, sendo a correção da hérnia realizada sem utilização de prótese. No caso relatado, por não se tratar de uma cirurgia limpa em paciente jovem, optou-se por programar a reintervenção eletiva para reparo herniário com o uso de prótese.
Assim, a hérnia de Amyand é uma patologia rara, sendo importante o seu relato, visando discutir o melhor tratamento desta emergência cirúrgica.

Área

URGÊNCIAS NÃO TRAUMÁTICAS

Instituições

Hospital Geral de Caxias do Sul - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Augusto Cardoso Sgarioni, Alesandra Bassani, Luiza Herdy Boechat Luz Tiago, André Rombaldi, Diego Vitor Barbosa Fernandes, Jean Pierre Aschidamini, Scheila dos Santos Cardoso, Mateus Masotti