Dados do Trabalho
TÍTULO
HERNIA DE MORGAGNI EM PACIENTE ADULTO
INTRODUÇÃO
As hérnias diafragmáticas congênitas decorrem de um erro no fechamento diafragmático durante a formação fetal. Estas, quando ocorrem através da membrana pleuroperitoneal anterior durante a fusão com o esterno e cartilagens costais na embriogênese, são denominadas hérnias de Morgagni, havendo a passagem de estruturas e/ou de vísceras abdominais através do trígono esterno-costal, atrás do osso esterno.
É um defeito raro, apresentando-se como uma alteração solitária ou como parte de um complexo maior, associado com malformações tóraco-abdominais e síndromes genéticas
RELATO DE CASO
Paciente masculino, 38 anos, com queixa de dor abdominal em andar superior, associada a empachamento há cerca de duas semanas. Ao exame físico, leve desconforto abdominal difuso, sem sinais de peritonismo. No hemograma apresentava 6100 leucócitos, sem desvio e demais exames laboratoriais normais. Foi realizada complementação com tomografia computadorizada sem contraste, que apontou hérnia diafragmática pelo forame de Morgagni, com defeito medindo cerca de 3 cm, sendo que o conteúdo herniado era de gordura do omento abdominal associado a líquido coletado medindo 8,2 x 5,1 cm.
Foi submetido a videolaparoscopia com redução do saco herniário que continha parte do grande omento e também porção do cólon transverso, sem sinais de isquemia. Foi necessária liberação do ligamento falciforme para abordagem da hérnia, que foi corrigida com pontos separados em x com fio não-absorvível multifilamentar.
O paciente teve boa evolução pós-operatória e sem intercorrências.
DISCUSSÃO
A hérnia de Morgagni representa 2% a 3% das hérnias diafragmáticas, predomina à direita, possivelmente pelo fato do coração proteger o forame no lado esquerdo. Pode permitir a passagem de vísceras abdominais para o tórax ainda na vida embrionária, ou após devido ao aumento brusco da pressão intra-abdominal, seja por tosse, obesidade e outros esforços abdominais.
Cerca de 5 a 25% das hérnias diafragmáticas são diagnosticadas após o período neonatal, mostrando-se mais presente no sexo masculino, como no caso relatado. A incidência varia de 1:2000 até 1:7000, podem ocorrer como defeito isolado, ou podem se associar com alterações cromossômicas, anomalias no tubo neural, coluna vertebral e cardiovasculares.
Geralmente são assintomáticos, sendo achados ocasionais em exames de imagem. A tríade clássica é formada por dispneia, cianose e dextrocardia presente em 50% dos casos. Infecções pulmonares recorrentes e refluxo gastro-esofágico são as complicações mais comuns a longo prazo.
O tratamento preferencial é a herniorrafia, indicada mesmo nos pacientes assintomáticos, com o objetivo de evitar complicações, como encarceramento e estrangulamento visceral, além de tratar os sintomas quando presentes, tendo bom prognóstico pós-operatório.
Evidencia-se assim a importância da investigação complementar frente a quadros clínicos inespecíficos, buscando-se diagnósticos diferenciais mesmo de patologias raras.
Área
MISCELÂNEA
Instituições
Hospital Geral de Caxias do Sul - Rio Grande do Sul - Brasil
Autores
Alesandra Bassani, Augusto Cardoso Sgarioni, Luiza Herdy Boechat Luz Tiago, André Rombaldi, Jean Pierre Aschidamini , Diego Vitor Barbosa Fernandes, Scheila dos Santos Cardoso, Mateus Masotti