Dados do Trabalho


TÍTULO

COLECISTITE AGUDA PERFURADA

INTRODUÇÃO

O tempo decorrido entre a perfuração, o diagnóstico e o tratamento é crucial para a recuperação do paciente. Este relato tem como objetivo retratar um quadro atípico de colecistite aguda com evolução rápida, sem alteração laboratorial especifica e com perfuração da vesícula biliar ocorrido na Santa Casa de Franca.

RELATO DE CASO

Paciente A.C.A., 55 anos, deu entrada na Santa Casa de Franca, vindo do Pronto Socorro de referência, com história de dor abdominal difusa, inespecífica, de intensidade moderada, com início súbito há 10 horas e piora progressiva. Negou febre, vômitos ou diarreia. Sem cirurgia prévia. Relatou internação anterior em 2015 por pancreatite aguda não biliar.
Ao EF: FC 120bpm, PA 200 x 110 mmhg, FR 24 irpm, SO2 96% em ar ambiente. Em regular estado geral, fácies de dor,
prostrado, corado, hidratado, anictérico, consciente e orientado. Abdome: globoso, tenso, com dor a palpação difusa, sem massas palpáveis, com irritação peritoneal. Exames laboratoriais evidenciando leucócitos 16.200 bastões 3%. À TC, foi identificado vesícula biliar com paredes espessadas e halo hipodenso ao redor e grande quantidade de liquido livre nos recessos peritoneais. Indicado laparotomia exploradora, sendo encontrado grande quantidade de líquido intra-abdominal de aspecto bilioso, processo inflamatório intenso perivesicular, vesícula biliar contendo cálculos no seu interior e perfuração do fundo vesicular. Realizado colecistectomia com lavagem exaustiva da cavidade abdominal. Deixado dreno no leito hepático e iniciado antibioticoterapia. O paciente evoluiu satisfatoriamente, recebendo alta no 5º dia pós operatório. Resultado do anatomopatológico: colecistite aguda e hiperplasia reacional em linfonodo hilar, sem indícios de malignidade no material enviado.

DISCUSSÃO

A colecistite aguda perfurada é uma doença rara e grave, com incidência que varia de
acordo com o gênero, presença ou não de litíase biliar e doenças crônicas ou
imunossupressoras. Apresenta altas taxas de morbimortalidade, a depender do tempo do
diagnóstico. Pode ser classificada de acordo com Niemeier em tipo I ou peritonite biliar
generalizada, tipo II ou peritonite localizada e tipo III ou fístula colecistoentérica. Na
maioria dos casos o diagnóstico é intra operatório.
O quadro clínico é variável e os sintomas mais comuns são dor abdominal, náuseas e
vômitos, com febre presente em cerca de metade dos casos.
Exames de imagens podem contribuir com o diagnóstico, com alterações que incluem
espessamento da parede e distensão da vesícula biliar, líquido livre peritoneal difuso ou
perivesicular e Murphy positivo na ultrassonografia.
Diante o diagnóstico, deve ser instituído tratamento precoce, combinando
antibioticoterapia e abordagem cirúrgica, que poderá ocorrer em tempos diferentes ou
simultaneamente.

Área

VIAS BILIARES E PÂNCREAS

Instituições

SANTA CASA DE FRANCA - São Paulo - Brasil

Autores

BRUNA LEMOS SILVA, CLAUDIO HENRIQUE FORMIGONI REVIRIEGO, CAIO CESAR FACIROLI CONTIN SILVA, RAFAEL GRAMULHA NAGASSO, PRISCILLA SANTOS DE MELO