Dados do Trabalho
TÍTULO
COLECISTECTOMIA ABERTA EM SITUS INVERSUS TOTALIS: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
Situs Inversus é uma doença autossômica recessiva rara e silenciosa em que os órgãos internos estão em uma perfeita imagem espelhada, cuja prevalência varia de 0.04% até 0.30%. Essa condição pode ser dividida em 2 grupos: situs inversus partialis, condição que envolve os órgãos torácicos (dextrocardia) ou os órgãos abdominais; e situs inversus totalis, que envolve tanto os órgãos abdominais quanto os órgãos torácicos.
RELATO DE CASO
Paciente sexo feminino, 37 anos, branca, solteira, procedente de Quixadá-Ceará. Deu entrada no hospital referindo dor no hipocôndrio esquerdo, que piorava com alimentação. Nega diabetes, hipertensão arterial sistêmica, alergias, tabagismo e alcoolismo. Durante o exame físico, apresentava estado geral regular e orientada. Ausculta cardiopulmonar sem alterações, exceto o fato de que a ausculta cardíaca foi realizada à esquerda. Abdome em tábua e com dor à palpação em hipocôndrio esquerdo. Apresentou exames prévios: ECG realizado no hemitórax direito, radiografia de tórax com dextrocardia e ultrassonografia abdominal evidenciando fígado em hipocôndrio esquerdo sem alterações, ducto colédoco medindo 7 milímetros e vesícula biliar com paredes espessadas e irregulares, apresentando múltiplas imagens hiperecogênicas compatíveis com cálculos. Foi solicitado hemograma, enzimas hepáticas (TGO, TGP), glicemia, sumário de urina, creatinina e bilirrubina (direta, indireta e total). A única alteração encontrada foi uma bilirrubina direta de 0,54 mg/dl. A paciente foi submetida à colecistectomia aberta, com cuidadosa dissecção do hilo. Após a identificação do ducto cístico, foi mantido o ducto cístico e a artéria cística isoladas. A vesícula biliar foi dissecada de seu leito, sendo realizada ligadura da artéria cística, seguido da ligadura do ducto cístico. Após o procedimento cirúrgico, a paciente teve uma boa evolução.
DISCUSSÃO
Devido a Situs Inversus Totalis ser uma condição geralmente assintomática, o diagnóstico de colecistite é consideravelmente difícil, pois o paciente possui sintomatologia em quadrante esquerdo superior, normalmente relacionado à outras doenças, fato que pode atrasar o diagnóstico. Uma boa identificação do trígono cistepático (triângulo de Calot) durante o procedimento cirúrgico associado com bons exames complementares pré-operatórios (ultrassom, bilirrubinas, tomografía, colangiopancreatografia retrógrada endoscópica, etc) são fundamentais para auxiliar o cirurgião na realização do procedimento.
Área
VIAS BILIARES E PÂNCREAS
Instituições
Hospital Maternidade Jesus Maria José - Ceará - Brasil
Autores
Heron Kairo Sabóia Sant'Anna Lima, Francisco Martins Mesquita Júnior, Ana Osmira Carvalho Saldanha, Maurício Cruz Castro Júnior, Matheus Lucena Holanda, Rodrigo Teófilo Parente Prado, Lara Poti Nobre, Aprigio Sant'Anna Lima Neto