Dados do Trabalho


TÍTULO

DIAGNOSTICO INTRAOPERATORIO DE VESICULA BILIAR EM “PORCELANA”

INTRODUÇÃO

A vesícula em porcelana é uma rara forma de colecistopatia crônica, em que as paredes da vesícula biliar (VB) estão parcialmente ou completamente calcificadas. Por estar associada a risco aumentado de carcinoma nesse órgão (20%), recomenda-se a realização da colecistectomia profilática frente a essa condição. Apresentamos um caso de paciente portadora de colecistopatia litiásica crônica com achado intraoperatório de calcificação completa da VB.

RELATO DE CASO

M.N.M.S., sexo feminino, 75 anos, com história de dor em hipocôndrio direito, náuseas e plenitude pós-prandial há 10 anos, com exacerbação nos últimos 3 anos. Ultrassonografia evidencia colecistopatia litiásica, com cálculos de cerca de 2cm. Sem história de colestase. Após indicação cirúrgica foi realizada colecistectomia videolaparoscópica em hospital privado em João Pessoa-PB. O procedimento foi realizado com 4 portais, em que se observou a presença de vesícula volumosa e de difícil manipulação por extremo endurecimento de sua parede. Foram dissecados o ducto e artéria císticos com sucesso, e realizada clipagem convencional; cautelosamente, ressecou-se a vesícula biliar do leito hepático. Sua retirada foi feita por ampliação supraumbilical dessa incisão, devido à ausência de elasticidade e maleabilidade da estrutura. A abertura da peça foi feita por serragem, e verificou-se espessamento e calcificação total da parede vesicular, com presença de 4 cálculos em seu interior. A paciente evoluiu bem no pós-operatório e teve alta no dia seguinte. No momento aguarda-se resultado de estudo anatomopatológico.

DISCUSSÃO

O tratamento cirúrgico da vesícula biliar em porcelana respalda-se na correlação entre o padrão “em porcelana” identificado nesse caso, e o risco de evolução para neoplasia. Portanto, indica-se colecistectomia, por via aberta ou laparoscópica, independentemente da clínica apresentada. Contudo, a presença dessa condição é considerada uma contraindicação relativa à colecistectomia laparoscópica, pelo risco de implantes tumorais nos portais cirúrgicos, caso já se verifique a neoplasia de vesícula. Salienta-se também que em muitos casos, a vesícula em porcelana não oferece um plano que permita a colocação de dois clipes e secção do conduto cístico, especialmente porque em cerca de 20% das situações já se trata de um adenocarcinoma de vesícula. Portanto, descrevemos caso raro de evolução de colecistopatia litiásica em vesícula totalmente calcificada, cujo diagnóstico só foi determinado no ato operatório. Ademais, a despeito da dificuldade técnica e de alguns relatos da literatura, optou-se por concluir o procedimento por videolaparoscopia.

Área

VIAS BILIARES E PÂNCREAS

Instituições

Centro Universitário de João Pessoa - UNIPÊ - Paraíba - Brasil

Autores

Vanessa Araújo Alves, Gabriella Bento de Morais, Fernando Salvo Torres de Mello, Alisson Cordeiro Moreira, Cássio Virgílio de Oliveira, Igor Nunes de Souza, Marinna Karla da Cunha Lima Viana, Wandeberg Gomes de Albuquerque