Dados do Trabalho


TÍTULO

HÉRNIA INTERNA PÓS BYPASS GÁSTRICO COM ACOMETIMENTO DAS ALÇAS ALIMENTAR, BILIOPANCREÁTICA E COMUM: NEM SEMPRE O ESPAÇO DE PETERSEN É O VILÃO.

INTRODUÇÃO

A maioria das hérnias internas (HI) pós Bypass Gastrointestinal em Y de Roux (BGYR) está relacionada ao espaço de Petersen, sendo a alça biliopancreática (ABP) a mais acometida nessas circunstâncias. No entanto, nem sempre esse local é o responsável por tal afecção, sobretudo se houver o acometimento concomitante da alça alimentar (AA), alça comum (AC) e ABP. O presente relato descreve uma HI decorrente de uma brida, comprometendo as 3 alças, evidenciando que nem sempre o espaço de Petersen é o vilão.

RELATO DE CASO

Paciente RAC, feminino, 41 anos, deu entrada no pronto-socorro com queixa de dor abdominal difusa iniciada 48 horas antes do atendimento, intensa, associada a vômitos biliosos e parada de eliminação de fezes e flatos. Possui história pregressa de BGYR via convencional há 1 ano e 7 meses e herniorrafia incisional há 1 ano e 2 meses, em decorrência do primeiro procedimento. Ao exame físico apresentava-se com sinais de choque séptico, abdome distendido e irritação peritoneal. Exames propedêuticos corroboraram para o diagnóstico sindrômico de abdome agudo obstrutivo. Realizou-se, então, laparotomia exploradora de urgência, que identificou presença de uma firme brida entre o folheto parietal do peritônio da parede abdominal e o meso de delgado, relacionada à cirurgia de herniorrafia incisional, que originou uma HI, promovendo o estrangulamento e perfuração da AA, bem como da base do Y de Roux, envolvendo assim ABP e AC. Desta forma foi realizada enterectomia de 60 cm de AA, além de 10 cm da ABP e 5 cm da AC, mantendo-se a reconstrução de trânsito em Y de Roux, com posterior apendicectomia tática. Paciente encaminhada para o CTI após procedimento, onde permaneceu 21 dias, recebendo alta hospitalar no 27º dia pós-operatório.

DISCUSSÃO

O BGYR continua sendo uma das técnicas bariátricas mais realizadas no mundo. Pacientes submetidos à essa técnica podem evoluir com quadros de obstrução intestinal pelo aparecimento de HI no pós-operatório tardio. Contudo, seu diagnóstico é dificultado pela baixa especificidade dos sintomas e dos exames de imagem. Dessa forma, não é incomum que o diagnóstico ocorra durante a cirurgia.
No caso em questão, a HI foi causada por uma extensa brida entre o folheto parietal do peritônio da parede abdominal e o meso de delgado, o que ocasionou estrangulamento e perfuração das 3 alças simultaneamente.
Segundo a literatura, HI pós BGYR ocorrem geralmente através do espaço de Petersen (em até 70% dos casos) ou na abertura mesentérica da enteroenteroanastomose, envolvendo principalmente a ABP. Poucos foram os estudos que demonstraram a relação entre bridas causando HI, bem como a afecção concomitante das três alças, o que torna nosso caso incomum.
Portanto, o caso nos leva a aventar outras possibilidades diagnósticas como causas para HI, sobretudo pelo acometimento das simultâneo 3 alças e o não envolvimento dos locais mais comuns que desencadeiam o abdome agudo obstrutivo nessa população em especial.

Área

CIRURGIA DA OBESIDADE - METABÓLICA

Instituições

1-Universidade Federal de Juiz de Fora(UFJF)- Campus Governador Valadares- MG. 2- Hospital Municipal de Governador Valadares -MG - Minas Gerais - Brasil

Autores

Tinzia Márcia Alves Carvalho, Gustavo Estevam da Silva Gomes, Késia Gusmão Meirelles, Áquila Agnes Dutra, Cássio de Castro Rocha, Daniela Pimenta de Castro Fernandes, Gabriel Talyson Eduardo Siqueira, Romeo Lages Simões