Dados do Trabalho
TÍTULO
HERNIA DE AMYAND: RELATO DE CASO COM REVISAO DE LITERATURA
INTRODUÇÃO
À toda herniação do apêndice cecal para o canal inguinal, esteja esse íntegro ou com sinais de infecção, dá-se o epônimo de Hérnia de Amyand. Dor em cólicas, febre e leucocitose são comuns mas pouco facilitam a investigação. O diagnóstico diferencial deve ser feito com hérnia estrangulada, apendicite, torção testicular, linfadenite inguinal, etc.
RELATO DE CASO
JFS, masculino, 72 anos, natural e procedente de Salvador-BA, sem ocupação, admitido no Hospital Geral Ernesto Simões Filho (Salvador-BA) em 28/11/2018 com parada das dejeções há 07 dias e massa endurecida (com flogose) em região inguinal direita há cerca de 30 dias. Referia dor intensa no local associada a náuseas, vômitos, inapetência e perda ponderal de aproximadamente 06 kg no período. Diurese plena, negando disúria. Negava febre e alergias. Hipertenso, sem cirurgias prévias. Realizada tomografia de abdome total com contraste que evidenciou volumosa formação expansiva heterogênea de contornos irregulares, multisseptada e com áreas de degeneração cístico/necrótico (9,0x6,3cm) na parede abdominal anterior à direita, com componente intraperitoneal em íntimo contato com alças intestinais subjacentes. Indicada cirurgia para correção de hérnia encarcerada com provável sofrimento crônico de alças intestinais. Optado por inguinotomia direita. Identificado destruição de planos musculares por necrose, coleção purulenta com saída de grande quantidade de secreção e trajeto comunicante entre inguinotomia a cavidade abdominal. Procedida laparotomia mediana xifopúbica, quando foi identificado líquido purulento difusamente distribuído, destruição do peritônio e planos musculares da parede abdominal anterior em topografia da lesão, além de apêndice cecal roto, necrosado e com base íntegra adentrando canal inguinal, aderido à região. Procedida apendicectomia. Cirurgia transcorreu sem intercorrências. Paciente evoluiu na enfermaria com manutenção íleo e do quadro séptico nas primeiras 72 horas, recebendo alta com melhora completa no 12°DPO.
DISCUSSÃO
O diagnóstico pré-operatório é muito raro, sendo geralmente feito na sala de cirurgia. Entretanto, a ultrassonografia e tomografia computadorizada mostraram-se promissoras para flagrar esse tipo de hérnia no pré-operatório, quando são solicitadas para descartar outras patologias. A abordagem cirúrgica deve ser baseada em cada quadro clínico. A apendicectomia por meio de inguinotomia com reparo de hérnia primária será o tratamento ideal, em contraste com a laparotomia mediana inferior, que deve ser reservada para os casos de suspeita de complicações. Reparo primário da hérnia com tela na ausência de apendicite e sem tela na presença de complicações apendiculares, parece ser um consenso. Alguns estudos citam a tentativa de abordagem laparoscópica e uso de telas biológicas. Mais estudos e relatos de casos são necessários para aumentar o nível de suspeição diagnóstica e direcionar o tratamento dessas hérnias, principalmente, na presença de complicações.
Área
URGÊNCIAS NÃO TRAUMÁTICAS
Instituições
HOSPITAL GERAL ERNESTO SIMÕES FILHO - Bahia - Brasil
Autores
VICTOR DA DA PAIXÃO GUIMARÃES, LAERT QUEIROZ, LEONARDO ARAUJO CARNEIRO DA CUNHA, ANDERSON RICARDO DOS SANTOS A. CANÇADO, CINARA CERQUEIRA, MARCIO RIVISON SILVA CRUZ