Dados do Trabalho


TÍTULO

HEMOCOLECISTO POS TRAUMA ABDOMINAL PENETRANTE COMO CAUSA DE COLECISTITE TARDIA: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A hemobilia pode ser definida como a presença de sangue na árvore biliar decorrente da comunicação anormal entre um vaso sanguíneo e um ducto biliar. Aparece, em geral, relacionada a um trauma e lesões iatrogênicas do fígado ou da árvore biliar (40%-60% dos casos). Causas menos comuns correspondem aos cálculos biliares, tumores, doenças inflamatórias ou vasculares.
A apresentação clínica clássica (22% dos casos) envolve icterícia, hemorragia digestiva alta e dor abdominal. Este estudo descreve um caso de trauma abdominal penetrante por arma de fogo que evoluiu com hemocolecisto, cursando com colecistite aguda.

RELATO DE CASO

Paciente C.P.S, 43 anos, sexo masculino, vítima de trauma abdominal por arma de fogo. Relatório médico referia admissão em serviço de origem com estabilidade hemodinâmica e paraplegia. Laparotomia exploradora com descrição de lesão hepática - drenada com uso de penrose -, sendo transferido ao HJXXIII no 9º DPO. Submetido a exame tomográfico de abdome e pelve, evidenciando lesão hepática (GIII) em Segmento V, próxima à parede posterior da vesicula biliar. Fratura da 10ª vértebra torácica com fragmentos metálicos no interior do canal medular.
Cinquenta e oito dias após o trauma, iniciou quadro de dor em hipocôndrio direito. Tomografia de abdome mostrou uma coleção hepática no segmento V, com possível comunicação com a vesicula biliar que apresentava-se com a parede espessada. Ultrassonografia do abdome confirmou o espessamento na parede vesicular, destacando o conteúdo hiperecogênico no interior (provável lama biliar ou sangue) e área mal delimitada em segmento hepático V, sugestiva de hematoma intra-hepático. Exames laboratoriais apresentavam-se com leucocitose, PCR elevado e bilirrubinas normais.
Considerando o diagnóstico de colecistite aguda, foi indicada a colecistectomia. O achado cirúrgico consistiu em uma vesicula biliar com conteúdo hemático espesso em seu interior, sem evidências de litíase.

DISCUSSÃO

É interessante observar que a proximidade entre a lesão traumática e a parede posterior da vesícula biliar resultou em um hemocolecisto tardio. O sangue - juntamente à bile - levou à obstrução do ducto cístico, resultando na colecistite aguda. Não foi observado sangue na via biliar principal e, consequentemente, a icterícia e a hemorragia digestiva alta não fizeram parte das manifestações clínicas.
O tratamento da colecistite aguda devido ao hemocolecisto é cirúrgico, seja pela videolaparoscopia ou laparotomia. A vesícula biliar repleta de sangue e/ou coágulos deve ser ressecada, pois, o sangue coagulado funciona aos moldes do cálculo biliar, sendo o responsável pela fisiopatologia da inflamação vesicular, como foi relatado no caso descrito.

Área

TRAUMA

Instituições

HOSPITAL DE PRONTO SOCORRO JOÃO XXIII - Minas Gerais - Brasil

Autores

Tarcísio Versiani Azevedo Filho, Domingos André Fernandes Drumond, Rodrigo Marques Oliveira, Sizenando Vieira Starling, Felipe Yoshio Tagamori, Gabriel Martin Lauar, Bruno Silva Borsato, Jordânia Alkmim Jordão