TÍTULO

RETOSSIGMOIDECTOMIA SEGENTAR

INTRODUÇÃO

A retossigmoidectomia é realizada em casos graves de endometriose, quando há invasão da luz do intestino, quando há deformidade anatômica, ou quando a lesão é maior do que 4 cm, impossibilitando a realização da ressecção discoide. A cirurgia consiste na ressecção do cólon sigmoide e parte do reto, além do rebaixamento do cólon com duplo grampeamento, e pode ser realizada por via aberta ou por videolaparoscopia.

RELATO DE CASO

Paciente M. F. B. B, feminino, 36 anos, portadora de infertilidade há 3 anos, com ciclos regulares e dismenorreia primária de intensidade normal, além de dispareunia ocasional. Realizou exames para avaliação da infertilidade no qual a histerossalpingografia mostrava as tubas pérvias, porém edemaciadas. A ultrassonografia transvaginal evidenciava endometrioma de ovário bilateral, com os ovários retrouterinos. Foi realizada uma pesquisa avançada para endometriose que mostrou: ressonância, que evidenciou endometrioma de ovário direito, e ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal, no qual indicava nódulo na parede do reto com 50% de circunferência da alça intestinal. Foi indicada, portanto, a abordagem cirúrgica da retossigmoidectomia segmentar.

DISCUSSÃO

Endometriose é uma doença que pode atingir qualquer órgão. No caso do intestino, geralmente ocorre a endometriose profunda infiltrativa (EPI), um tipo de endometriose que adentra 5mm ou mais abaixo da superfície peritoneal, localizada nos tecidos fibromusculares. A incidência da endometriose intestinal varia entre 5 a 27% das mulheres com endometriose, enquanto o reto e retossigmoide correspondem a 70 a 93% das lesões intestinais. Os sintomas são causados por uma reação esclerosante da parede intestinal, causada por inflamação e fibrose em decorrência da endometriose profunda. O envolvimento intestinal deve ser suspeitado em toda paciente com endometriose profunda, sendo que se costuma estimar em 50% o número de pacientes com endometriose grave que possuem endometriose intestinal. A retossigmoidectomia segmentar é a cirurgia indicada para o caso em questão devido ao resultado da ressonância e da ultrassonografia transvaginal, as quais demonstraram acometimento intestinal e presença de nódulo na parede do reto. Apesar de ser uma cirurgia complexa e que exige uma equipe experiente, é uma intervenção crucial para melhorar o quadro clínico da paciente sem prejudicar sua fertilidade. A porcentagem de complicação da ressecção em casos de endometriose intestinal depende do tamanho, da extensão e da localização do tecido a ser removido. Deiscência de anastomose e lesão de ureter são as duas principais complicações decorrentes desse procedimento cirúrgico, as quais não ocorreram na cirurgia relatada. No caso da paciente em questão, a retossigmoidectomia mostrou-se coerente considerando as dimensões do nódulo e seu percentual de circunferência da alça intestinal.