Dados do Trabalho
TÍTULO
LESAO ESCAMOSA DE ALTO GRAU EM COLO UTERINO: QUANDO A CIRURGIA NAO CONSEGUE CONTROLAR A DOENÇA.
INTRODUÇÃO
O câncer de colo de útero é a terceira neoplasia maligna mais incidente
entre as brasileiras e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil, sendo
que a infecção persistente por Papilomavírus humano (HPV) é o principal fator causal
do câncer de colo uterino. A maioria das infecções por HPV são assintomáticas, no
entanto diversos fatores como agressividade viral e grau de imunidade estão
relacionadas com o curso da doença.
RELATO DE CASO
Paciente do sexo feminino, 31 anos, solteira, nuligesta, lúpica, com
transplante renal há 5 anos, em uso de imunossupressores apresentou colpocitologia
oncótica (CO) evidenciando HSIL (lesão de alto grau) com biópsia de colo
confirmando NIC3. Diante disso, optou-se por exérese da zona de transformação
(EZT), com anatomopatológico (AP) evidenciando NIC3 e margens livres, sendo
realizado o controle colposcópico em dias 30 dias e a colposcopia com CO em 3
meses após o procedimento, não apresentando alterações. No entanto, 6 meses após o
procedimento, a CO apresentou-se com HSIL e biópsia de colo de NIC, sendo optado
por uma nova EZT, sem sucesso, visto que 3 meses após, a paciente evoluiu com
nova lesão de alto grau. Desta forma, a equipe e a paciente conversaram e optaram
por histerectomia total. Mesmo assim, 3 meses após a cirurgia, a colposcopia revelou
novas lesões multifocais representadas por um epitélio acetobranco denso em cúpula
vaginal e terço superior vaginal bilateralmente, sendo utilizado a aplicação de laser de
CO2 vaginal em 2 sessões, o que resultou em regressão colposcópica das lesões. O
quadro regressou com novas lesões após 45 dias, o que levou a um diálogo com os
serviços de nefrologia e reumatologia para tentar diminuir a dose de
imunossupressores e corticoides da mesma, o que estava impossibilitado. Nova sessão
de laser, então, foi realizada após o uso de Imiquimod vaginal por 6 semanas.
Entretanto, após 4 meses, paciente voltou a apresentar epitélio acetobranco denso em
cúpula vaginal direita, com múltiplas lesões salteadas e com mesmo padrão em
paredes vaginais laterais e posterior.
DISCUSSÃO
Receptoras de transplante renal, na vigência de terapia imunossupressora,
apresentam maior risco de desenvolver câncer de colo de útero associado ao HPV,
sendo, geralmente, consequência da reativação de uma infecção latente. Nesta
população, a abordagem cirúrgica é preferível em casos de NIC moderada a grave, no
entanto, até 15% das mulheres podem apresentar lesões recorrentes, inclusive após
histerectomia. Possíveis terapias alternativas envolvem o uso de imunomoduladores,
visto que poucas evidências indicam redução de transformação maligna após
mudança do esquema imunossupressor. A aplicação tópica de Imiquimod, além de
ter poucos efeitos colaterais, aciona respostas imunológicas que culminam com boa
resposta clínica em até 90% dos casos, devendo, portanto, ser sempre cogitada quando
a cirurgia não puder ser estabelecida.
Área
GINECOLOGIA
Instituições
Universidade do Estado do Pará / Universidade Federal do Pará - Pará - Brasil
Autores
Victória Gabriele Broni Guimarães, Mariana Sousa Ribeiro de Carvalho, Julie Marie Costa Sena, Caio César Chaves Costa, Nathalia Gabay Pereira, Fernanda Nascimento Rodrigues, Jéssica Rayanne Côrrea da Silva, Thalita dos Santos Bastos