Dados do Trabalho
TÍTULO
PANCREAS ECTOPICO EM ANTRO GASTRICO MIMETIZANDO GIST EM PACIENTE COM ATRESIA DE ESOFAGO CONGENITA: RELATO DE CASO E BREVE REVISAO DA LITERATURA
INTRODUÇÃO
O pâncreas ectópico é definido como a presença de tecido pancreático fora do local anatômico, sem contiguidade com o pâncreas, com vascularização e sistema ductal próprios. Apesar de ser considerado raro, sua frequência exata é desconhecida e o diagnóstico é habitualmente acidental. O objetivo deste relato de caso é salientar a importância de considerar a hipótese de pâncreas ectópico como diagnóstico em casos de lesão gástrica submucosa, principalmente no diagnóstico diferencial com Tumores de Estroma Gastrointestinal (GIST). As características das lesões nos diferentes métodos de imagem podem auxiliar na diferenciação diagnóstica. Além disso, fomentamos a discussão sobre a possível relação entre a atresia de esôfago e as malformações pancreáticas.
RELATO DE CASO
Paciente feminina, 22 anos, com atresia de esôfago congênita e correção após o nascimento. Realiza endoscopia anualmente, sendo constatada lesão submucosa em antro gástrico no último exame. A tomografia computadorizada contrastada demonstrou lesão bem delimitada, endofítica, medindo 3,1 centímetros. A paciente perdeu seguimento durante 1 ano e foi reavaliada com nova endoscopia, com presença de duas lesões submucosas em antro gástrico, uma delas com 2,5 centímetros de diâmetro, com orifício central e outra com 4,0 centímetros. A ressonância magnética demonstrou arredondamento submucoso na transição entre antro e corpo gástrico, medindo 2,1 centímetros, com impregnação pelo meio de contraste, sugerindo GIST como hipótese diagnóstica mais provável. Pela alta suspeição de GIST e pela falta de disponibilidade de ecografia endoscópica, foi realizada Gastrectomia Parcial com Reconstrução em Y de Roux. A paciente evoluiu sem complicações no pós-operatório. A análise histopatológica da peça cirúrgica foi compatível com pâncreas ectópico.
DISCUSSÃO
O pâncreas ectópico é uma malformação rara e de difícil identificação. Nos últimos anos temos visto grandes melhorias tanto em exames de imagem quanto na endoscopia diagnóstica. No entanto, o diagnóstico diferencial entre pâncreas ectópico e GIST continua sendo um desafio para a equipe médica. O diagnóstico diferencial é importante porque pode alterar a conduta terapêutica. As características de imagem por tomografia computadorizada, ressonância magnética ou radiografia baritada podem auxiliar na diferenciação diagnóstica, sendo a umbilicação central um achado específico para o diagnóstico de pâncreas ectópico. Por fim, é de extrema relevância a suspeição deste tipo de malformação em pacientes com sintomas digestivos altos vagos e massa gástrica submucosa. Além disso, a presença de outras malformações de trato gastrointestinal, como a atresia de esôfago, deve servir de alerta para considerar o pâncreas ectópico como hipótese diagnóstica.
Área
ESTÔMAGO E DUODENO
Instituições
PUCRS - Rio Grande do Sul - Brasil
Autores
Angélica de Oliveira Cardoso, Augusto Albanese Pellicioli, Everton Janoski de Menezes, Rafael Costa e Campos, Marcelo Garcia Toneto