Dados do Trabalho


TÍTULO

ANEURISMA DE VEIA PORTA: RELATO DE CASO NA AMAZONIA OCIDENTAL

INTRODUÇÃO

Aneurismas venosos são incomuns. São comumente descritos nas v. poplítea, jugular e safena, sendo raros em outros sítios. Os aneurismas da veia porta (AVP) correspondem a 3% dos aneurismas venosos, e suas localizações mais comuns são na região extra-hepática, na confluência das veias esplênica e mesentérica superior, seguida da veia porta e suas ramificações

RELATO DE CASO

Pac. ♂, 69 anos, durante investigação para quadro de dor abdominal, vômitos e diarréia aguda, a ultrassonografia (US) de abdome revelou aneurisma de veia porta sem outras anormalidades. Assintomático, sem história de trauma abdominal. É hipertenso em uso de Losartana 50mg/dia e Anlodipino 10 mg/dia. Caminha 80’ diariamente. Nega tabagismo, etilista social. Exame físico sem anormalidades. Foi solicitado US com doppler de veia porta e em seguida angiorressonância do sistema porta que confirmaram o achado. Optou-se por tratamento conservador, visto não haver sinais de hipertensão portal e paciente assintomático.

DISCUSSÃO

São propostas duas teorias para a fisiopatogenia: congênita - por falha da regressão completa da veia vitelínica distal ou fraqueza da parede venosa interna; e adquirida - secundária as doenças hepáticas crônicas, hipertensão portal, trauma, pancreatite ou cirurgia. Os autores se dividem entre aqueles que acreditam que o aumento da pressão intraluminal observada na hipertensão portal poderia levar à dilatação das paredes relativamente finas da veia porta, e os que acreditam que há alguma outra explicação uma vez que a incidência de aneurisma de veia porta nos pacientes com hipertensão portal é baixa. A maioria dos pacientes são assintomáticos e diagnosticados por meio de exames de imagem realizados em decorrência de outros motivos. Quando sintomáticos, são causados por efeito de massa: compressão de estruturas provocando dor abdominal, e/ou por compressão dos ductos biliares traduzida em icterícia. Pode ocorrer ruptura para o sistema biliar causando sangramento gastrointestinal. A maioria dos autores optam por realizar tratamento conservador, acompanhando o paciente com exames de imagem seriados. Foi realizada, em 2019, uma revisão sistemática de 93 relatos publicados na literatura, que incluía 176 pacientes com 198 aneurismas venosos viscerais. Os autores concluíram que a observação cuidadosa é a conduta mais apropriada, exceto quando ocorrem complicações. Em 2011 foi relatado um caso de um paciente do sexo masculino diagnosticado com AVP assintomático que foi acompanhado por oito anos e evoluiu com regressão completa do aneurisma, sem explicação. Diante do exposto, concluimos que a conduta tomada no presente caso corresponde às recomendações da literatura, o AVP é uma entidade rara que, na grande maioria das vezes, pode ser conduzidas de forma expectante. O acompanhamento rigoroso se faz necessário a fim de se avaliar a necessidade de intervenção nos casos de progressão da doença.

Área

FÍGADO

Instituições

Hospital das Clínicas do Acre/Universidade Federal do Acre - Acre - Brasil

Autores

Rodrigo Rocha Ramalho, Romulo Gabriel Barbosa Souza, Maria Caroline Silva Wiciuk, Rondson Freitas Vale, Wilson Temistocles Quispe Juli, Vanessa França Domingos, Victor Judiss Lumespode, Nilton Ghiotti Siqueira