Dados do Trabalho


TÍTULO

ADENOMA HEPATICO ROTO - RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

Adenomas hepáticos são tumores hepáticos benignos de baixa prevalência, encontrados predominantemente em mulheres jovens (35 a 40 anos), sobretudo no lobo hepático direito. Usualmente são lesões únicas, de tamanho variado, podendo chegar a cerca de 30 cm (1). O diagnóstico é sugerido por cenário clínico apropriado em combinação com exames de imagem. Por se tratar de um tumor bem vascularizado, hemorragia é uma complicação comum, ocorrendo em cerca de 25% dos pacientes. Uso de anticoncepcional oral (ACO), tamanho maior que 5 cm e o subtipo inflamatório (I-HCA) estão associados com maior risco de sangramento (3). A maioria das hemorragias é contida (intratumoral), mas em casos mais graves pode evoluir com hemorragia intraparenquimal, hematoma subcapsular ou hemoperitônio. (3)

RELATO DE CASO

Mulher, 28 anos, usuária de ACO, admitida em hospital terciário com quadro de dor abdominal progressiva em andar superior do abdome, com cerca de 15 dias de evolução. Apresentava-se estável hemodinamicamente com volumosa massa palpável em região de epigástrio. Revisão laboratorial com plaquetose, aumento de gama glutamil transferase (GGT), fosfatase alcalina (FA), aspartato aminotransferase (AST) e alanina aminotransferase (ALT). Tomografia computadorizada (TC) de abdome e pelve observou lesão expansiva, com leve realce heterogêneo pelo contraste, medindo 10 x 8 x 12 cm, sem líquido livre em abdome ou pelve, sugerindo possível massa hepática com sinais de sangramento. Proposta de preparo operatório e abordagem cirúrgica durante a internação, paciente evoluiu com instabilidade por próvavel choque hemorrágico, submetida a suporte intensivo e reposição volêmica com cristalóides, com estabilização hemodinâmica. Optado por aguardar presença de cirurgião especialista em fígado, encaminhada ao bloco cirúrgico após 48 horas, onde manteve-se estável e foi submetida a hepatectomia esquerda, com necessidade de transfusão de hemocomponentes. Posicionado dreno tubular em leito hepático, ato sem intercorrências. Apresentou boa evolução pós-operatória, retirado dreno e recebendo alta no sexto dia de pós-operatório. Seguimento ambulatorial sem alterações e anatomo-patológico com adenoma hepatocelular.

DISCUSSÃO

É importante incluir o adenoma hepático roto no rol de diagnósticos diferenciais do abdome agudo, o que nem sempre ocorre, devido à baixa incidência. Apesar de muitas vezes permitir inicialmente tratamento conservador, o adenoma hepático roto pode exigir tratamento em caráter de urgência em casos de instabilidade ou após preparo pré-operatório adequado, como no caso em questão, na presença de cirurgião especialista. A embolização arterial pré-operatória pode ser considerada no controle de sangramento e permitindo melhor planejamento pré-operatório. O manejo cirúrgico consiste na ressecção do(s) seguimento(s) hepático(s) acometido(s), apenas em casos raros é necessária a realização de transplante hepático. O uso de dreno não é bem estabelecido e depende da avaliação do cirurgião.

Área

FÍGADO

Instituições

Hospital Metropolitano Odilon Behrens - Minas Gerais - Brasil

Autores

Leandro De Paula Gregório, Alan Cézar Faria Araújo, Gabriel Pessoa Herthel Silveira, Vitor Eugênio Ribeiro, Lucas Banterli Vinhas, Paula Sannazzaro Oliveira De Assis, Bruno Freitas Belezia, Marcelo De Medeiros Chaves França