Dados do Trabalho
TÍTULO
ISQUEMIA MESENTERICA DE GRANDE DIMENSAO ASSOCIADA A ADERENCIA CIRURGICA
INTRODUÇÃO
A isquemia mesentérica é causada pela insuficiência de fluxo sanguíneo para atender às demandas metabólicas dos órgãos viscerais. A gravidade e o tipo de órgão envolvido dependem do vaso afetado e da extensão do fluxo sanguíneo dos vasos colaterais.
Apesar dos avanços nas técnicas para tratar problemas na circulação mesentérica, prognóstico continua sendo influenciado principalmente pela velocidade do diagnóstico e da intervenção. Embora seja uma causa incomum de dor abdominal, um diagnóstico impreciso ou demorado pode resultar em complicações graves, sendo a mortalidade entre 60 a 80% nos casos agudos.
RELATO DE CASO
Paciente do sexo masculino de 28 anos vem ao atendimento cirúrgico em pronto-socorro de Manaus, apresentando dor abdominal difusa, associado a vômitos intensos, distensão abdominal evidente e febre. História pregressa de ferimento por arma de fogo no abdome há um ano. Ao exame físico, apresentava dor abdominal à palpação globalmente e irritação peritoneal. Imediatamente, foi submetida à exploração cirúrgica. Em inventário, foi evidenciado sangue e líquidos livres em cavidade e necrose de íleo, realizada abertura de cólon transverso devido a distensão exacerbada do mesmo. Foi realizado clampeamento de segmento necrosado de íleo, cerca de 1,5 metros do ângulo de Treitz e distante de 2,5 cm da válvula íleo-cecal, enterorrafia seguida de anastomose laterolateral entre jejuno e cólon ascendente. Realizada apendicectomia incidental e colerrafia de transverso. Foi acompanhamento durante 3 dias em unidade de terapia intensiva, com melhora progressiva, mas com deiscência de sutura.
DISCUSSÃO
As causas de isquemia mesentérica podem ser: oclusão arterial, trombose venosa e isquemia mesentérica não oclusiva, quando se trata da isquemia aguda, já na crônica, as causas podem ser alterações intrínsecas (aterosclerose, vasculites, fibrodisplasia etc) ou extrínsecas (compressões, bridas, neoplasias etc).
Quanto ao quadro clínico é característico dores abdominais intensas, geralmente de início súbito, na região umbilical ou no epigástrio acompanhada de sudorese e hiperatividade. Ao exame físico nota-se ruídos hidroaéreos intensos, principalmente no início. A evolução observa-se sinais de irritação peritoneal generalizada, distensão abdominal e abolição dos ruídos hidroaéreos. Os exames laboratoriais acusam leucocitose (20.000 a 40.000 leucócitos por mm³), além de acidose metabólica e elevação de CBK e fosfato. A radiografia com incidência anteroposterior pode apresentar distensão das alças intestinais e espessamento das paredes.
O tratamento segue uma sequência clínica iniciada com expansão intravascular e otimização do débito cardíaco para aumentar o fluxo sanguíneo, antibioticoterapia e vasodilatadores. A cirurgia depende do local lesionado e do momento do diagnóstico, nas primeiras 8 horas, sugere-se embolectomia ou tromboendarterectomia, já havendo sinais de peritonite, indica-se a laparotomia para uma avaliação das alças intestinais.
Área
URGÊNCIAS NÃO TRAUMÁTICAS
Instituições
UFAM - Amazonas - Brasil
Autores
Marcel de Aguiar Raposo da Câmara Coelho, Juan Eduardo Rios Rodriguez, Suany Serudo Meirelis, Larissa Pessoa de Oliveira, Ingrid Lima Longo, Tereza Vitória Lira Pinto, Manuel Rios Ruiz