Dados do Trabalho
TÍTULO
MANEJO DE ABSCESSO HEPATICO GRAVISSIMO, DE EVOLUÇAO SUBAGUDA E DESFAVORAVEL, EM UM HOSPITAL NO EXTREMO NORTE DO BRASIL
INTRODUÇÃO
Os abscessos hepáticos são coleções purulentas dentro do parênquima hepático resultante de infecção bacteriana, fúngica ou parasitária. O sintoma mais comum é a febre seguida de dor abdominal, principalmente no hipocôndrio direito (HCD). Trata-se de uma condição grave em que as taxas de mortalidade variam de 5,6 a 80%.
RELATO DE CASO
Paciente A.C, 58 anos, sexo masculino, natural e proveniente de São João da Baliza – RR. Deu entrada no Hospital Geral de Roraima no dia 15/07/2018, com queixa de dor em HCD há 16 dias, acrescido de febre e calafrios há 3 dias. Negou vômitos e diarreia. Afirmou astenia e mal estar. Após suspeita de colangite aguda, foram solicitados exames laboratoriais. Paciente foi internado e iniciou uso de Ceftriaxone + Matronidazol. Exames laboratoriais: Leuco 24.450; N: 95%; BT 6,82; BD 4,92; BI 1,86; Ur 137,50 Cr 4,43; LDH 1420,62 FA: 980,27 GGT: 672,18. Foi solicitada ultrassonografia de abdome, que no dia 16/07 evidenciou vesícula biliar normodistendida. Parede grossa hiperecogênica. Conteúdo anecoico. Foi observada moderada quantidade de líquido livre na cavidade abdominal, de diferentes densidades com presença de inúmeras e pequenas imagens hiperecogênicas, sugestivas de presença de fecalito. Foi sugerida tomografia computadorizada (TC) abdominal simples e com contraste para complementação diagnóstica. Após TC de emergência no dia 16/07, foram constatados extensos pneumoperitôneo e abscesso hepático. Paciente encontrava-se em sepse e foi encaminhado em caráter de emergência ao centro cirúrgico. Laparotomia exploratória no dia 16/07 evidenciou saída de ar após incisão xifopúbica mediana, grande quantidade de líquido livre purulento em cavidade abdominal e ampla área de abscesso hepático em lobo direito, região anterior, principalmente em lobo VII e VIII, com saída difusa de pus do mesmo. Foi realizada aspiração do conteúdo intracavitário e do abscesso hepático. Após exploração/revisão das estruturas intracavitárias e lavagem exaustiva da cavidade abdominal, foi posicionado dreno laminar com duas entradas, direcionadas para loja em HCD. Após cirurgia, o paciente foi admitido na UTI apresentando depois do segundo dia pós operatório (18/07) lesão renal aguda KDIGO III, instabilidade hemodinâmica com uso de droga vasoativa em dose máxima, choque séptico e acidose metabólica refratária, mesmo com troca da antibióticoterapia. Paciente evoluiu com parada cardiorrespiratória (PCR): FV + AESP, com ressuscitação cardíaca no 2º ciclo. Em seguida paciente teve nova PCR (assistolia). Após 5 ciclos de ressuscitação cardiopulmonar foi declarado o óbito do paciente.
DISCUSSÃO
Destaca-se, neste relato, a presença de um abscesso hepático de evolução subaguda gravíssima e de difícil manejo a despeito da instituição do tratamento e condutas preconizadas. Destaca-se também, a ausência de indicadores de doença hepática prévia ou condições relacionadas ao risco de contaminação via portal (apendicite e diverticulite) ou via biliar.
Área
FÍGADO
Instituições
UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA - Roraima - Brasil
Autores
Marcello Santos da Silva, Givaggo Henrique Rodrigues da Silva, Eder Rodrigo Figueira Ribeiro, Ana Paula Magalhães Souza, Larissa Erikarla Negreiros Madureira, Ana Carolina Gonçalves Pires, Poliana Lucena dos Santos, Diego Guilherme Santos Portella