Dados do Trabalho


TÍTULO

INFARTO ESPLENICO (IE): ABORDAGEM CIRURGICA X ABORDAGEM CONSERVADORA

INTRODUÇÃO

O IE é um evento isquêmico incomum, resultado do comprometimento sanguíneo arterial/venoso ao baço, podendo ser total ou segmentar. É frequentemente associado a estados de hipercoagulabilidade, mas também com anemia falciforme, endocardite bacteriana e baço flutuante. Este estudo visa relatar um caso de IE e analisar suas possíveis abordagens.

RELATO DE CASO

Mulher, 65 anos, hipertensa com hipotireoidismo e fibromialgia. Queixou-se de dor em hipocôndrio esquerdo (HEC) há 3 dias, com irradiação para ombro esquerdo (Sinal de Kehr) e queda do estado geral. Nega trauma. Ao exame físico, apresentou dor à palpação de HEC. Foi realizada Tomografia Computadorizada de Abdome Total (TC) evidenciando baço de dimensão aumentada, área triangular hipodensa em terço médio e áreas menores em terço inferior, sem realce após contraste. Além de ectasia de vasos esplênicos. Levantou-se hipótese de infarto esplênico por trombose de Veia Esplênica (VE). Iniciadas hidratação, analgesia e anticoagulação com Varfarina e Enoxiparina. A USG de VE/Porta não apresentou anormalidade. Aos exames laboratoriais, os resultados anormais foram presença de anticoagulante lúpico e deficiência de proteína S. Paciente apresentou recuperação do estado geral, recebendo alta no 14º dia, para investigação ambulatorial da etiologia do IE.

DISCUSSÃO

Um terço dos IE é assintomático. Dentre os sintomas, é mais comum dor em HCE e Sinal de Kehr, como no caso relatado. Outros são febre, náuseas/vômitos. Em concordância com a literatura, foi realizada TC com contraste, considerada exame gold-standard para diagnóstico. O achado conhecidamente característico da doença foi imagem em cunha hipodensa, sem realce por contraste. A terapêutica inicial consiste em medidas de suporte, pois a evolução do tecido isquêmico é através de fibrose com tendência à cura, sem necessidade de esplenectomia(ESP). ESP é indicada em casos selecionados: IE total – alto risco de ruptura, sintomas persistentes e em vigência de hematoma, ruptura, sepse, necrose extensa, abscesso e pseudocisto infectado. Como toda terapia invasiva, a ESP oferece riscos. À longo prazo, a complicação pós-operatória (CPO) mais temida é a infecção fulminante pós-ESP(IFPE) que define sepse fulminante, meningite ou pneumonia. É causada em geral, por S. pneumoniae, N. meningitidis e H. influenzae B. IFPE é emergência médica com taxa de mortalidade de 50-70%. É 50 vezes mais comum pós-ESP que na população geral. A ESP pode ser total ou subtotal. Antonio di Sabatino et. al descreve estudo realizado com talassêmicos que evidenciou menor risco de IFPE em submetidos à ESP subtotal. Pothula et. al ressaltou que em casos de ligadura da artéria esplênica com esplenorrafia ou ESP subtotal, houve ausência de CPO com recuperação imunológica e funcional. Conclui-se que o IE deve ser considerado em pacientes com fatores de risco e dor em HCE, sem etiologia clara. O quadro geral do paciente, a doença subjacente e os achados na TC devem servir de subsídio para a escolha da terapêutica ideal.

Área

MISCELÂNEA

Instituições

Pontifícia Universidade Católica de Goiás - Goiás - Brasil

Autores

Bárbara Alves Campos Ferreira, Eduardo Augusto Borges Primo, Vanessa Mohamed Rassi, Carlúcio Cristino Primo Júnior, Camille Souza Carvalho, Yara Aguiar Serafim, Luísa Freire Barcelos, Melissa Giovanucci