Dados do Trabalho
TÍTULO
FISTULA COLECISTOCUTANEA APOS COLECISTOSTOMIA PERCUTANEA PARA TRATAMENTO DE COLECISTITE CRONICA
INTRODUÇÃO
As fístulas biliares podem ser internas – mais comuns e associadas com duodeno e cólon, ou externas – raras e comunicam vesícula biliar (VB) e pele. A Fístula Colecistocutânea (FCC) é uma complicação rara da colecistite (CC) calculosa. Entretanto, há relatos associado-a com CC acalculosa e carcinoma de VB. Ela se dá pelo aumento da pressão na VB secundária à obstrução do ducto cístico, com redução do suprimento sanguíneo e subsequente necrose e perfuração. Possui alta morbimortalidade. Este trabalho visa relatar um caso de FCC após colecistostomia percutânea(CP) para tratamento de CC crônica.
RELATO DE CASO
Homem 67 anos, hipertenso, diabético. Referiu dor abdominal difusa, vômitos, queda do estado geral e febre há 90 dias. No Pronto Socorro, apresentou leucocitose, alteração de enzimas hepáticas sem aumento de bilirrubina. TC evidenciou VB repleta, de paredes espessas e bloqueio de alças perivesicular. Realizou-se CP e uso de ciprofloxacino e metronidazol. Com melhora do quadro infeccioso, recebeu alta. Após 30 dias, houve saída de secreção biliar e cálculos pelo orifício da punção. Em hospital terciário, negou sintomas colestáticos/febre. USG evidenciou VB com cálculos, paredes espessas, sem massas abdominais inespecíficas. Foi indicada colecistectomia (CT). Durante CT aberta, foram observados subcutâneo inflamado com bolsas de líquido biliar, bloqueio de omento/alças intestinais em região perivesicular/vesicular e inflamação intensa. CT foi realizada sem intercorrências, com lavagem do subcutâneo. Foi deixado dreno túbulo-laminar e mantidos os antibióticos(ATB). Houve deiscência de sutura de pele. Foram feitos lavagens e curativos diários com resolução do quadro.
DISCUSSÃO
No caso relatado, a FCC decorre de processo inflamatório crônico prévio e da não resolução da CC, facilitada pela descontinuidade da pele/subcutâneo pós-CP e por fatores sistêmicos subjacentes que retardam a cicatrização: idade avançada, hipertensão e diabetes. O quadro clínico abrange dor abdominal, abaulamento ou a própria comunicação externa com extravasamento de conteúdo biliar. A USG e TC são os meios diagnósticos de eleição. O tratamento é realizado com ATB de amplo espectro. Após melhora do quadro, faz-se a CT com reestabelecimento do trajeto fisiológico das vias biliares. A CP é utilizada como tratamento temporário da CC em pacientes graves, até obterem condições clínicas para CT. Porém, vários estudos relatam eficácia da CP como tratamento definitivo, gerando controvérsias sobre a necessidade de CT subsequente. É uma opção para pacientes com alto risco cirúrgico e más condições clínicas. Possui vantagens como a redução dos custos e dos riscos relacionados a uma cirurgia. Mas, não evita a recorrência da CC. Apesar de ser rara, a alta taxa de morbimortalidade pela FCC requer diagnóstico e intervenção precoces. É possível considerar a CP como tratamento definitivo de CC em casos selecionados, mas a má resolução do quadro infeccioso e a recorrência são fatores de risco importantes para FCC.
Área
VIAS BILIARES E PÂNCREAS
Instituições
Pontifícia Universidade Católica de Goiás - Goiás - Brasil
Autores
Bárbara Alves Campos Ferreira, Eduardo Augusto Borges Primo, Carlúcio Cristino Primo Júnior, Luísa Freire Barcelos, Geovana Thees Perillo Rodrigues, Pedro Henrique Nunes de Araújo, Vanessa Mohamed Rassi, Melissa Giovanucci