Dados do Trabalho


TÍTULO

PERFIL EPIDEMIOLOGICO DO TRANSPLANTE RENAL NO ESTADO DE GOIAS

OBJETIVO

Avaliar a evolução dos transplantes renais em Goiás, comparando-a com o cenário nacional, uma vez que a incidência desse tipo de transplante vem crescendo consideravelmente.

MÉTODO

Trata-se de um estudo epidemiológico retrospectivo realizado com dados provenientes do Registro Brasileiro de Transplantes (RBT). Nesse estudo, foram analisadas a quantidade de transplantes renais realizados, a relação de potenciais doadores (PD) por milhão de população (MP), a relação de doadores efetivos (DE) por MP e a porcentagem de negativas familiares, no estado de Goiás e no Brasil, durante o período de 2014 a 2018.

RESULTADOS

Durante o período avaliado, o estado de Goiás realizou 468 transplantes renais. O ano de 2018 representou 25,6% (120) do total, sendo observado um aumento de 184,6% em relação ao número de transplantes realizados no ano de 2014. Verificou-se também que, em todo o período, os órgãos de doadores cadáveres, representaram 77,9% do total de transplantes. Em relação à média do número de PD por MP, de todo o período, notou-se que a de Goiás aproximou-se da média nacional de 49,9, com 49,2. Entretanto, em relação ao número de DE por MP, foi observada uma média de 15,2 em todo o Brasil, enquanto Goiás revelou-se com 8,1. O percentual de recusa familiar em Goiás foi superior ao percentual nacional, principalmente no ano de 2014, onde o estado apresentou 82% de recusa familiar, enquanto, no Brasil, o percentual era de 46. Observou-se que no ano de 2018, os valores diminuíram para 44%, no Brasil, e 65% em Goiás - ainda permanecendo acima do percentual nacional.

CONCLUSÕES

O número de transplantes renais em Goiás cresceu consideravelmente. Segundo a Central Estadual de Transplantes, houve boa resposta às campanhas, o que elevou potenciais doadores e reduziu a recusa familiar. Naturalmente, a captação de órgãos aumentou. Os cuidados exigentes com pacientes em coma, a capacitação para diagnóstico de morte encefálica (ME), a consolidação de um sistema de notificação de ME e a preparação das equipes (que passam maior credibilidade para a população) foram outros fatores contribuintes. O principal motivo que leva as famílias a doarem é o respeito à vontade do doador. Enquanto os de recusa familiar variam desde a não aceitação de ME até fantasias sobre tráfico de órgãos e retaliação religiosa. O conhecimento permite uma decisão mais racional e minimiza o sentimento de responsabilidade pelo corpo do outro, enquanto a falta de informações/preparo deixa a – tão importante – decisão da doação sob influência do turbilhão de sentimentos após a morte do ente. O grande percentual de recusa familiar em Goiás pode explicar a incoerência entre a quantidade de PD e DE no estado, e em comparação com os dados nacionais. Logo, percebe-se a importância de campanhas voltadas para informatização e conscientização sobre a doação de órgãos e o estímulo dessa conversa entre os familiares, bem como da capacitação das equipes – facilitadoras em meio a um contexto tão emocional quanto o momento decisório.

Área

TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS

Instituições

Pontifícia Universidade Católica de Goiás - Goiás - Brasil

Autores

Bárbara Alves Campos Ferreira, Eduardo Augusto Borges Primo, Carlucio Cristino Primo Junior, Geovana Thees Perillo Rodrigues, Mariana Thees Perillo Rodrigues, Isabella Rodrigues Pereira, Mateus Auad Santos, Humberto Souza Pires Filho