Dados do Trabalho
TÍTULO
AS PECULIARIDADES DO GANGLIONEUROMA: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
Os ganglioneuromas (GN) são tumores (TU) neuroendócrinos bem diferenciados. Em geral, encontrados no mediastino posterior ou retroperitônio, paralelos à cadeia ganglionar simpática. Originam-se de gânglios simpáticos e são compostos por células ganglionares maduras e células de Schwann fusiformes. Ocorre em 1:100.000 crianças e predominam no sexo feminino (3:1). Aqui visa-se relatar um caso de GN em criança, bem como sua abordagem.
RELATO DE CASO
Paciente de 4 anos, masculino, busca atendimento queixando-se de tosse, febre e rinorréia. Radiografia de tórax evidenciou lesão fusiforme paravertebral, sugestiva de TU de mediastino posterior (fig 1). Ressonância Magnética confirmou tal suspeita (fig. 2). Como conduta terapêutica, foi indicada a ressecção cirúrgica, realizada sem intercorrências. Estudo anatomopatológico compatível com GN. Acompanhamento após 1 ano da cirurgia sem alterações (fig. 3).
DISCUSSÃO
O GN é uma massa de crescimento lento, geralmente silencioso nos primeiros estágios de desenvolvimento. É um TU raro e benigno, mais comum em crianças entre 4-7 anos. Diferentemente do ganglioneuroblastoma e neuroblastoma, o GN dificilmente invade o canal medular. A maioria é assintomática, o que pode ser explicado pela metabolização das catecolaminas pelo próprio TU. Seus sintomas restringem-se ao efeito de massa – com compressão de órgãos adjacentes – e àqueles paraneoplásicos, como quadros de hipertensão e diarreia. Em estágios avançados, podem ser grandes, encapsulados com consistência firme à palpação. Em geral, representam um achado acidental durante exame de imagem realizado por outro motivo. O caso relatado segue o mesmo padrão da literatura, em que procurou-se assistência por quadro sugestivo de infecções de vias aéreas superiores e, em sua investigação radiológica, o TU foi descoberto acidentalmente – até então, assintomático. Devido a ausência de características radiológicas específicas, o diagnóstico é confirmado por histopatologia. Punção com agulha fina não pode se tornar um método diagnóstico pré-operatório, pois há possibilidade da presença de células pouco diferenciadas entremeadas no tecido do TU. É importante ressaltar que existe chance de malignização em um Schwannoma. Tal fato associado à baixa especificidade radiológica para seu diagnóstico, fazem com que o tratamento ideal para GN seja sua ressecção completa, logo após o diagnóstico. Ademais, eles podem se expressar de maneira agressiva ao comprimir/invadir forames neurais locais e estruturas mediastinais adjacentes. Há relatos de GN secretantes de peptídeo intestinal vasoativo, somatostatinas e neuropeptídeo Y. Assim, cirurgiões devem lembrar da possibilidade de crise hipertensiva durante a cirurgia. Embora a recorrência local e surgimento de novos focos de GN serem incomuns, é necessário acompanhamento pós-operatório cuidadoso. Apesar de raros, os GN têm bom prognóstico com chance de cura total, devendo ser considerados em crianças e adultos jovens, na vigência de um tumor de mediastino posterior.
Área
CIRURGIA TORÁCICA
Instituições
Pontifícia Universidade Católica de Goiás - Goiás - Brasil
Autores
Bárbara Alves Campos Ferreira, Eduardo Augusto Borges Primo, Jordana Nascimento Machado, Geovana Thees Perillo Rodrigues, Priscilla Santos de Melo, André Luiz Carneiro, Nelson Alves dos Santos, Daniel Messias Moraes Neto