Dados do Trabalho


TÍTULO

APENDICITE AGUDA EM RECÉM-NASCIDO PREMATURO: RELATO DE CASO DA AMAZÔNIA OCIDENTAL

INTRODUÇÃO

A apendicite neonatal é extraordinariamente rara, correspondendo a 0,04 a 0,2% dos casos em crianças abaixo dos dois anos. Apesar da baixa incidência, a letalidade do quadro é elevada, e pode levar ao óbito nas primeiras 24 horas do início dos sintomas, sendo o atraso diagnóstico a principal causa de evolução para perfuração e peritonite em 80% dos casos. A raridade e o grande impacto relacionado à sobrevida da criança justificam a importância do relato de caso em RN de 12 dias, a fim de direcionar a um manejo adequado em situações semelhantes.

RELATO DE CASO

Tratava-se de um recém-nascido, masculino, de mãe secundípara em uso de dispositivo intrauterino (DIU), com parto cesariana por amniorrexe prematura, trabalho de parto e apresentação pélvica. Ao nascer, apresentou Apgar no 1º min = 7 e no 5º min = 8, com índice de capurro de 33 semanas e peso de 1.635g. Foi encaminhado à UTI neonatal por desconforto respiratório, risco de sepse por bolsa rota e má formação ocular esquerda, apresentando, às 48 horas de vida, intolerância à dieta, infiltrado pulmonar discreto e sepse neonatal. No 3º dia de vida constatou-se leucomalacia periventricular e hipoplasia de globo ocular esquerdo através de tomografia de face. No 9º dia evoluiu com um episódio de êmese associado à distensão e dores abdominais após a dieta, a qual foi suspensa e prescrita sonda orogástrica aberta e hidratação venosa. No 10º dia de vida apresentou-se séptico com desconforto respiratório, com radiografia evidenciando pneumoperitôneo, e foi encaminhado ao centro cirúrgico. Foi realizada laparotomia transversa, evidenciando contaminação da cavidade em quatro quadrantes por líquido entérico e perfuração na ponta do apêndice cecal. Após apendicectomia, lavagem com soro morno e avaliação completa da cavidade sem sinais de outras lesões, foi encaminhado para pós-operatório em UTI neonatal. O exame anatomopatológico demonstrou exulceração epitelial superficial, associada à hiperplasia de folículos linfoides e infiltração neutrofílica em toda parede apendicular, além de áreas de necrose e extensão do processo inflamatório para o tecido adiposo apendicular.

DISCUSSÃO

A patogênese da doença relaciona-se a fatores de risco como hipóxia neonatal, pré-eclâmpsia, cateterismo umbilical, prematuridade e clínica compatível com enterocolite necrosante. O diagnóstico precoce e a intervenção cirúrgica imediata são os principais fatores para redução da mortalidade. No entanto, os sintomas e exames rotineiros inespecíficos e comuns a quadros variados ocasionam o atraso diagnóstico, influenciando diretamente a alta incidência de perfuração e mortalidade. Após a realização de laparotomia exploradora é que se identificou a necessidade de ressecção do apêndice comprometido.

Área

CIRURGIA PEDIÁTRICA

Instituições

Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro - Rondônia - Brasil

Autores

Sthephane Georgia Honorato de Azevedo, Heloísa Magnoler Alencar da Silva, Marcelo Regis Lima Corrêa, Olavo Matheus Batista Falqueti, Natália Maria Dias de Sá, Kamila de Deus Passos Leles, Mariana Furtado Rodrigues, Eliakim Massuqueto Andrade Gomes de Souza