Dados do Trabalho
TÍTULO
SINDROME COLESTATICA NA GESTAÇAO SECUNDARIA A COLEDOCOLITIASE: RELATO DE CASO.
INTRODUÇÃO
A doença relacionada ao cálculo biliar é considerada uma das emergências cirúrgicas mais comuns na gravidez e a principal causa não obstétrica de hospitalização no primeiro ano pós-parto com uma incidência variando entre 0,05% a 0,3%. As suas complicações requerem a realização de colecistectomia, em muitos casos, ainda na gestação. O trabalho visa apresentar a abordagem terapêutica da síndrome colestática na gestação.
RELATO DE CASO
L.N.S, sexo feminino, 26 anos, chega em um Hospital Universitário com queixa de dor abdominal tipo cólica em região epigástrica e hipocôndrio direito de início súbito, vômitos, icterícia (3+/4+), colúria e acolia fecal. Secundigesta, 16 semanas e 6 dias de gestação, sem queixas obstétricas. Pré-natal em curso, sem intercorrências. Em ultrassonografia prévia apresentou vesícula biliar distendida com paredes finas com cálculos no seu interior e hepatocolédoco dilatado, medindo 1,2 cm de diâmetro e apresentando estreitamento distal. Útero gravídico com feto, batimentos cardiofetais de 170 bpm e gestação tópica em curso. Os exames admissionais revelaram hemoglobina 11,3 g/dL; hematócrito 33,5%; leucócitos 6.500; TGO 94 U/L; TGP 192 U/L; amilase sérica 120 U/L; fosfatase alcalina 404 U/L; gamaglutamiltransferase (GGT) 412,00 U/L; bilirrubina total 7,86 mg/dL - direta 6,49 mg/dL; indireta 1,37 mg/dL); proteínas totais 4,53 g/dL; Albumina 2,91 g/dL; INR 1,35. Após avaliação, a paciente foi mantida em tratamento conservador com alívio sintomático. Foi solicitada transferência para hospital de grande porte para realização de uma colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE). Após duas semanas de hospitalização, a paciente obteve melhora clínica considerável com alívio da dor, diminuição da icterícia, melhora dos padrões laboratoriais e recebendo alta hospitalar com pedido para realização da CPRE posteriormente.
DISCUSSÃO
A gravidez altera as funções hepatobiliar, aumentando a secreção de bile com alto teor de colesterol e pequena quantidade de ácidos, aliado à estase da vesícula criando um ambiente litogênico. As diretrizes atuais recomendam o tratamento através da colecistectomia laparoscópica para alívio dos sintomas biliares na mãe e no feto, para todas as lesões sintomáticas, sendo a colecistectomia o segundo procedimento mais frequente durante a gestação. Esta pode ser indicada nos casos de icterícia obstrutiva, colecistite aguda com falha no manejo clínico, cálculos biliares, pancreatite ou suspeita de peritonite. Apesar dos estudos, o manejo durante a gravidez ainda é controverso, sendo a maior parte das pacientes tratadas de forma não cirúrgica, porém com maiores taxas de recidiva. Entre as complicações estão a necessidade de uso de agentes tocolíticos, parto prematuro, cesáreas de urgência por sofrimento fetal, baixo peso ao nascer além de óbito fetal. A morte materna é rara. Técnicas de anestesia, monitoramento e uso de tocolíticos tornam a cirurgia cada vez mais indicada trazendo benefício e segurança para mãe e filho.
Área
VIAS BILIARES E PÂNCREAS
Instituições
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE - Sergipe - Brasil
Autores
AMANDA PEREIRA GOMES DE MORAES, BRUNO SILVA DE ASSIS