Dados do Trabalho


TÍTULO

QUILOTORAX DECORRENTE DE LESAO EM DUCTO TORACICO: UM RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

O Ducto Torácico é responsável pela drenagem e condução da maior parte da linfa do corpo humano ao sangue. Inserido no tórax através do hiato aórtico, ele se estende até a L2. Sua lesão por arma de fogo é uma causa rara de quilotórax, acúmulo de linfa no espaço pleural. O caso relata paciente vítima de projétil de arma de fogo (PAF) com trajetória incomum, resultando em uma lesão do Ducto Torácico e consequente quilotórax.

RELATO DE CASO

Paciente M.D.F.C, sexo masculino, 18 anos, admitido na Sala Amarela do Trauma vítima de PAF em região torácica anteroposterior. Apresentou desconforto respiratório, sendo feita drenagem torácica bilateral na admissão com débitos de cerca de 1000mL de secreção serohemática bilateral e solicitados exames laboratoriais e tomografias computadorizadas (TC).
Na TC de tórax foram observados fratura cominutiva da escápula esquerda, pneumotórax e derrame pleural bilaterais, opacidades em vidro fosco nos ápices pulmonares e no segmento superior do lobo inferior esquerdo. A TC de abdome evidenciou líquido livre na pelve e enfisema subcutâneo no flanco esquerdo.
Paciente evoluiu clinicamente bem e hemodinamicamente estável. Após 6 dias, apresentou 1500mL em 24 horas de débito no dreno torácico esquerdo, de secreção suspeita de quilo, confirmado após coleta do conteúdo pleural e análise dos triglicerídeos. Mediante o quandro, iniciou dieta oral a base de triglicerídeos de cadeia média (TCM). Entretanto, após três dias com o TCM, manteve alto débito e iniciou octreotide venoso e dieta por NPT.
Permaneceu com alto débito de conteúdo quiloso pelo dreno à esquerda, mesmo após 1 semana com nova conduta.
Após a avaliação da equipe de cirurgia torácica, realizou-se pleuroscopia à direita com ligadura e clipagem do ducto torácico na sua entrada no tórax. Paciente evoluiu bem com NPT durante mais 10 dias, evoluindo sem débito pelos drenos torácicos, que foram retirados e seguiu com alta hospitalar.
Paciente retornou 3 dias após alta com febre aferida e secreção purulenta, uma complicação atípica do quilotórax. Após resolução desta complicação com drenagem, retirou-se o dreno e foi dada alta hospitalar.

DISCUSSÃO

As causas mais prevalentes de quilotórax são tumores malignos, com linfomas representando cerca de 75% dos casos. Dentre as causas mais raras está o trauma não cirúrgico, como ocorreu no relato. Neste caso, o quilotórax foi constatado após a apresentação de secreção leitosa nos drenos torácicos, com posterior pleuroscopia direita com dissecção e clipagem do ducto cístico em sua entrada no tórax.
Com impacto cardiorrespiratório do quilotórax, há a compressão do pulmão subjacente e redução da capacidade vital. Assim o grau de pertubação varia de acordo com a velocidade de formação do derrame, indo de sintomas como dispneia e fadiga até hipotermia, taquicardia, hipotensão e choque.

Área

CIRURGIA TORÁCICA

Instituições

Universidade Católica de Brasília - Distrito Federal - Brasil

Autores

Juliana Soares de Araújo, Victória Mundim Sales da Cruz, Raissa Soares Walker, Danillo Xavier Santos, Bruna Leles Vieira de Souza, Sara Ayres Soares de Souza, Leonardo Paiva Marques de Souza, Octavio Magalhães do Vabo Neto