Dados do Trabalho


TÍTULO

CONFECÇAO DE TUBO GASTRICO POR VIA RETROESTERNAL

INTRODUÇÃO

A perfuração esofágica é dividida em 3 etiologias: espontânea, por trauma ou iatrogênica. Esta última, considerada a principal causa de perfuração esofágica, sendo de maior incidência quando utilizado endoscópio rígido. O quadro clínico apresenta-se com dor, normalmente retroesternal, associada ou não a vômitos e dispneia. O diagnóstico é feito a partir de exames radiológicos, como radiografia, tomografia computadorizada ou esofagograma, com evidência de pneumotórax, pneumomediastino, enfisema subcutâneo, pneumoperitôneo, vazamento do contraste via oral e endoscopia. O tratamento das perfurações esofágicas varia de acordo com a contaminação, a extensão da lesão e o tempo decorrido entre a perfuração e o diagnóstico. O tratamento conservador é preferível nos casos de perfurações pequenas, sem contaminação adjacente e de localização cervical. Já o tratamento cirúrgico é preferível no restante dos casos. A rafia primária é indicada quando o diagnóstico é feito em menos de 24 horas após a perfuração. Quando a sutura primária não é possível, opta-se por esofagectomia com esofagostomia. A reconstrução esofágica pode ser feita no mesmo tempo cirúrgico, porém depende do estado hemodinâmico do paciente e do grau de contaminação local. A complicação mais temida da perfuração esofágica é a mediastinite, já a da reconstrução esofágica é a necrose do neoesôfago.

RELATO DE CASO

Paciente masculino de 42 anos, com perfuração esofágica após dilatação de estenose por acalasia. Paciente realizou endoscopia digestiva alta com dilatação no dia 07/05/2018. Apresentou dor retroesternal após procedimento, sem melhora com o uso de analgésicos. Procurou atendimento no dia 14/05/2018, diagnosticado então perfuração esofágica com derrame pleural bilateral. Realizado esofagectomia híbrida (dissecção do esôfago torácico por toracoscopia, esofagostomia cervical e laparotomia para sepultamento de esôfago abdominal), drenagem pleural e jejunostomia no dia 15/05/2018. O paciente necessitou de múltiplas intervenções durante a internação, incluindo toracoscopia com janela pericárdica devido tamponamento cardíaco. Após a alta hospitalar, manteve acompanhamento ambulatorial, ganhou 11 quilos alimentando-se por jejunostomia. Optado por confecção do neoesôfago, realizado por levantamento do estômago por via retroesternal com esôfago-gastro anastomose e confecção de nova jejunostomia no dia 01/02/2019. Apresentou pequena fístula na anastomose esôfago-gástrica, manejada conservadoramente. Alta hospitalar no dia 10/02/2019.

DISCUSSÃO

A confecção do neoesôfago pode ser realizada basicamente por duas técnicas: utilizando o cólon (qualquer segmento) ou levantamento gástrico. Tais procedimentos podem ser realizados pelo tórax posterior, pelo tórax anterior, ou pelo subcutâneo. No caso descrito acima, visto que o paciente tinha apresentando quadro de mediastinite, com múltiplas intervenções torácicas, optou-se de realizar o neoesôfago pelo tórax anterior via retroesternal.

Área

ESÔFAGO

Instituições

UFCSPA - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

LUIS PAULO ANDRIONI, Roberta Dreyer FERNANDES, JOAO PAULO CARLLOTTO BASSOTTO, ROBERTO PELEGRINI CORAL, RODRIGO MARIANO, HELENA PALIN BOTTER, ALICE BIANCHI BITTENCOURT, MOHAMAD HASSAN HAMAOUI