Dados do Trabalho
TÍTULO
MEGAGASTRIA DECORRENTE DE ESTENOSE BULBAR: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
Úlceras pépticas correspondem à lesões da mucosa do trato gastrointestinal decorrente da ação corrosiva da hipersecreção de ácido gástrico. Uma de suas complicações é a Estenose Piloroduodenal, que corresponde a uma dificuldade parcial ou total do esvaziamento gástrico devido a fatores mecânicos ou funcionais e que se apresenta de forma subaguda e progressiva. Tal obstrução tem como consequência a estase do trânsito gastrointestinal, o que pode desencadear uma série de eventos, como distensão gástrica e estase, o refluxo gastroesofágico. Nesse tipo de situação, a abordagem cirúrgica está indicada, visando a inibição da secreção ácida através da vagotomia, gastrectomia subtotal (retirando antro, piloro e pequena porção duodenal) e reconstrução gastrointestinal. Sabendo-se que apenas 1 a 2% dos pacientes portadores de úlcera péptica são submetidos a este tipo de correção cirúrgica, este trabalho visa não só descrever um destes casos, com destaque a tamanha distensão do tecido gástrico.
RELATO DE CASO
Paciente de 75 anos, branco, compareceu ao hospital com quadro de hemorragia digestiva alta, inapetência há 4 dias, disfagia, caquexia e distensão abdominal. Refere ainda perda ponderal progressiva e vômitos em “borra de café”, além de piora dos sintomas gástricos nos últimos 2 anos. Relata ter diagnóstico prévio de úlcera duodenal, tratada cirurgicamente com vagotomia e piloroplastia, há aproximadamente 25 anos. Ao exame, encontrava-se lúcido e orientado, hipocorado (3+/4+), taquipnéico, taquicardíaco, ruídos hidroaéreos presentes, abaulamento epigástrico com dores à palpação. Internado para investigação, realizou Endoscopia Digestiva Alta (EDA), onde foi encontrada lesão esofágica (Esôfago de Barrett, após biópsia) e estenose bulbo duodenal. Durante a estabilização de um quadro agudo de anemia, o paciente passou a apresentar disfagia progressiva, culminando na realização de uma Seriografia Esôfago Estômago Duodeno, que evidenciou também estenose esofágica. Para o tratamento cirúrgico da estenose bulboduodenal, foi realizada uma Gastrectomia subtotal com reconstrução e “Y de Roux”. Durante o procedimento, onde foi encontrado importante dilatação gástrica (em média 3 vezes o tamanho normal). O paciente seguiu com boa evolução pós-operatória, mas pela queixa remanescente da disfagia, foi submetido a uma nova EDA com Dilatação esofágica por balão pneumático. Com boa evolução e sem outras intercorrências, o paciente recebeu alta hospitalar. O resultado anatomopatológico (AP) mostrou a porção de estômago com áreas de fibrose e hialinização em parede pilórica.
DISCUSSÃO
Com o advento das medicações inibidoras da secreção ácida associada a erradicação do Helicobacter pylori com uso de antibioticos, os casos de úlcera péptica e suas complicações vem sendo cada vez mais manejados clinicamente. O presente caso evidencia um dos poucos casos em que a cirurgia teve que ser optada e aborda ainda outro desdobramento da estenose: o refluxo de conteudo gastrico ao esôfago.
Área
ESTÔMAGO E DUODENO
Instituições
UNITPAC - Tocantins - Brasil
Autores
Camila Fecury Cerqueira, Tássylla Caroline Ferreira Pereira, Patrick Nunes Brito, Marina Mendes Fick, Mario Gomes de Campos Neto, Renato Miranda Ramalho Filho, Patrícia Alves Mangueira, Paulo Henrique Dias Moraes