Dados do Trabalho


TÍTULO

ULCERA DUODENAL PERFURADA APOS BYPASS GASTRICO COM DERIVAÇAO INTESTINAL EM Y DE ROUX (BGYR)

INTRODUÇÃO

A obesidade é um enfermidade bastante prevalente e com incidência crescente nas últimas décadas. Neste contexto, a cirurgia bariátrica tem papel importante no controle da doença. Uma das técnicas de cirurgia é o Bypass Gástrico com derivação intestinal em Y de Roux (BGYR), que, apesar de segura, pode apresentar algumas complicações. Este estudo irá relatar uma destas intercorrências, a úlcera duodenal perfurada, com base em dois casos clínicos revisados em prontuário médico.

RELATO DE CASO

Masculino, 27 anos, submetido a BGYR videolaparoscópico. Ao pré-operatório, obesidade grau III (IMC 41,82), dislipidemia e esteatose hepática. Com dez meses de pós operatório, apresentou quadro agudo de epigastralgia. Na investigação, paciente relatou uso frequente de antinflamatórios não esteroidais (AINEs) para controle de ciatalgia. Nos exames realizados, enzimas hepáticas e pancreáticas permaneciam na faixa de referência e Tomografia Computadorizada (TC) de abdômen apontou pequeno pneumoperitônio na região correspondente à parede do duodeno, sugerindo úlcera perfurada. Realizada videolaparoscopia para ulcerorrafia duodenal, com resolução do quadro.
Feminina, 35 anos, submetida a BGYR videolaparoscópico. Ao pré-operatório, obesidade grau II (IMC 36,79), dislipidemia, hipertensão arterial, esteatose hepática, esofagite, gastrite e duodenite, com teste de urease negativo. Após oito anos da cirurgia bariátrica, apresentou quadro agudo de dor abdominal intensa em hipocôndrio direito, com distensão do abdômen e renitência à palpação. Paciente referiu uso crônico de AINEs para tratamento de Lúpus Eritematoso Sistêmico. Na investigação, enzimas pancreáticas levemente aumentadas e TC de abdômen sem alterações significativas. Realizada videolaparoscopia diagnóstica, que confirmou úlcera duodenal perfurada; procedeu-se, então, à ulcerorrafia duodenal, com resolução do quadro.

DISCUSSÃO

Dentre as complicações envolvidas na cirurgia bariátrica por BGYR, encontra-se a úlcera duodenal perfurada, considerada rara e de difícil diagnóstico. Entre os fatores fisiopatológicos gerais que facilitam a ulceração da mucosa duodenal, estão: infecção por Helicobacter pylori, uso crônico e/ou excessivo de AINEs, consumo abusivo de álcool; e nos pacientes submetidos a by-pass gástrico, há ainda outros agravantes, como o não tamponamento do ácido produzido no estômago excluso pelo alimento e a presença de refluxo biliar. A TC é o melhor exame diagnóstico, porém nem sempre capaz de mostrar o pneumoperitonio de vísceras ocas perfuradas envolvidas na derivação gastroduodenal. Por isso, a videolaparoscopia diagnóstica é uma alternativa importante quando não há correlação clínico-radiológica. O tratamento de urgência consiste em ulcerorrafia à Graham com omentoplastia, e o definitivo visa a evitar o surgimento de novas úlceras, com uso de Inibidores de Bomba de Prótons por longos períodos, ou até, dependendo do caso, realizar a ressecção do estômago excluso, a fim de cessar a produção de ácido pelo fundo gástrico.

Área

CIRURGIA DA OBESIDADE - METABÓLICA

Instituições

Hospital São VIcente - Paraná - Brasil

Autores

Roberta Helena Sena, Carlos Humberto Guilman Tanizawa, Antônio Carlos Rosa de Sena, Daniel Seigui Kaio, Geraldo Alberto Sebben, Tiago Kuchnir Martins de Oliveira