Dados do Trabalho


TÍTULO

PERFURAÇAO DE CUPULA VAGINAL POS COITO EM HISTERECTOMIZADA: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A histerectomia é uma das cirurgias ginecológicas mais realizadas no mundo. Só no Brasil, em 2014, foram realizadas cerca de 83 milhões de histerectomias. As complicações mais prevalentes do procedimento incluem lesão de bexiga, infecções do trato urinário, lesão de reto, tenesmo, infecção da cúpula vaginal, hematoma em cúpula além de eventos hemorrágicos. É recomendada abstinência sexual mínima de seis semanas após a cirurgia para adequada cicatrização de feridas operatórias. Visto ser evento raro a laceração de ferida cicatricial com mais de 60 dias de abordagem cirúrgica, o presente relato apresenta um caso de perfuração de cicatriz de colo uterino por coito vaginal ao 90º dia de pós operatório.

RELATO DE CASO

ACT, 37 anos, casada, do lar, residente da cidade de Volta Redonda, procurou o serviço de emergência do Hospital São João Batista com queixa de dor abdominal intensa iniciada logo após coito vaginal realizado na noite anterior. Afirmou parada da eliminação de fezes e flatos. Negou febre, vômito e outros sintomas associados. Como história pregressa, histerectomia total há 90 dias por leiomioma. Ao exame físico a paciente estava lúcida e orientada, hidratada, deambulando em posição antálgica. Abdômen algo distendido, com peristalse débil, hipertimpânico, doloroso à palpação em todo abdômen, com sinais de irritação peritoneal. Trazia consigo exame radiológico realizado em outro serviço evidenciando pneumoperitônio. Foi indicada Laparotomia Exploradora de emergência: realizada incisão supra e infraumbilical e diérese por planos. Inventário da cavidade: ausência de líquido livre, bloqueio em região suprapúbica de grande omento. Aderências e fibrina em topografia de útero. Identificada perfuração em cicatriz de colo vaginal, confirmada por toque. Reto sem perfurações. O colo uterino foi suturado com Vicryl 2.0 e deixado dreno portovac em topografia de perfuração. Realizada revisão da hemostasia e síntese por planos. Paciente evoluiu bem no pós operatório, sendo liberada para acompanhamento ambulatorial pela Cirurgia Geral do mesmo serviço.

DISCUSSÃO

Por ser a histerectomia uma abordagem cirúrgica altamente difundida e executada no Brasil, é imperativo que se discuta as possíveis complicações atreladas a sua realização. Perfuração de cicatriz de cúpula vaginal ocasionada por coito em pós histerectomizadas é evento raro, principalmente após meses de pós operatório, sendo pouco documentada em literatura médica, principalmente em nosso país. Visto isso, o caso apresentado relata uma complicação com importante impacto sobre a vida da paciente, seja em seu aspecto clínico como também sexual.

Área

GINECOLOGIA

Instituições

UniFOA - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

Ticiani Rios Gudes, Tassio de Faria Huguenin, Luciana S Couto Hayashi, Lucas Araújo Andrade, Felipe Sgarbi Boralli