Dados do Trabalho


TÍTULO

RETALHO DE SINGAPURA PARA RECONSTRUÇAO VAGINAL EM AGENESIA CONGENITA

INTRODUÇÃO

A Síndrome de Mayer-Rokitansky-Kuster-Hauser (SMRKH) é uma anomalia do sistema urogenital feminino, especificamente dos ductos de Muller, levando a atresia ou agenesia de vagina, restando apenas resquícios uterinos, tubas e ovários. O retalho de Singapura é uma opção para a reconstrução vaginal. Descrito pela primeira vez em 19892, é um retalho fasciocutâneo neurovascular do pudendo da coxa, que compreende a porção interna e superior da coxa adjacente ao lábio maior e prega inguinal, baseado na artéria pudenda interna e ramos labiais posteriores. O objetivo é relatar o caso de uma paciente com SMRKH com reconstrução vaginal pelo retalho de Singapura.

RELATO DE CASO

Paciente feminina, 26 anos, com amenorreia primária e hematometro. No desenvolvimento, telarca e pubarca normais. Ao exame físico, vagina em fundo cego. Foi realizada RM da pelve, que evidenciou corpo uterino rudimentar com material hemático. Os ovários não apresentavam alterações. Foi diagnosticada agenesia congênita de vagina e proposto o retalho de Singapura. Este foi demarcado com dimensões de 15 x 6 cm, sendo elevado, tunelizado embaixo dos grandes lábios e suturado a eles. Foi realizada incisão de Pfannestiel para abordagem do colo uterino e realizada dissecção do espaço retrovesical, fixando o retalho no colo com Prolene 3.0. Foi realizada sutura primária na região interna da coxa com Nylon 2.0 e 3.0. O curativo foi feito com tampão de gaze embebida com lidocaína gel. A paciente foi internada por 7 dias, mantida com sonda vesical de demora, antibióticos e cuidados de não abduzir as coxas. A paciente não apresentou complicações no trans nem no pós-operatório e retornou às consultas com 2 semanas, 1 e 2 meses após o procedimento, sem queixas de dor ou sangramento e com boa cicatrização. Neovagina totalmente reepitelizada e medindo 8cm aos 2 meses de pós-operatório.

DISCUSSÃO

A SMRKH é uma agenesia congênita de útero e vagina em mulheres com desenvolvimento normal dos caracteres sexuais secundários e cariótipo XX. A incidência é 1 para 4000 a 5000 mulheres e os principais achados clínicos são amenorreia primária e vagina reduzida. A RM é o melhor método para diagnóstico. O tratamento consiste na criação de uma neovagina e há diversas maneiras de realizá-la. O método não cirúrgico mais comum é o de Frank, com aplicação de dilatadores vaginais, aumentando progressivamente o diâmetro, porém requer muita cooperação da paciente. Dentre as técnicas cirúrgicas, a de Abbé-McIndoe consiste em expansor vaginal revestido por enxerto de pele introduzido no espaço retrovesical. É muito utilizada, mas não restaura a sensibilidade e necessita de molde. O retalho de Singapura ou fasciocutâneo neurovascular pudendo da coxa tem vantagem em relação aos outros por não necessitar enxertos nem moldes, além de ser um método seguro, que restabelece a sensibilidade da vagina, mantendo suas dimensões e apresentando bom resultado funcional.

Área

CIRURGIA PLÁSTICA (Inclusive neoplasias malignas de pele)

Instituições

HOSPITAL NOSSA SENHORA DA CONCEICAO - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

ALINE CARRER BORTOLINI, GIORDANA CARRER BORTOLINI, DOUGLAS SEVERO FRAGA