Dados do Trabalho


TÍTULO

A ULTRASSONOGRAFIA POINT OF CARE PODE SER INCORPORADA NAS DRENAGENS TORACICAS? UMA REVISAO SISTEMATICA DE POTENCIAIS APLICACOES PARA REDUZIR AS COMPLICACOES DO PROCEDIMENTO

OBJETIVO

Apesar de ser um procedimento comumente realizado, a drenagem pleural ainda está associada com uma taxa de complicações de até 30%. A despeito dos benefícios já comprovados de se utilizar a ultrassonografia como adjunto de procedimentos intervencionistas, há poucos trabalhos sobre a incorporação dessa ferramenta nas drenagens pleurais. Um dos motivos para isso é não haver uma análise das aplicações ultrassonográficas que podem potencialmente reduzir a incidência de complicações desse procedimento. Dessa forma, o objetivo desta revisão é analisar as técnicas ultrassonográficas que podem ser incorporadas ao procedimento com o intuito de reduzir as complicações da drenagem pleural.

MÉTODO

Esta revisão foi conduzida de acordo com os guidelines PRISMA e está registrada na PROSPERO (CRD42018114500). A pesquisa por artigos englobou as bases de dados MEDLINE/Pubmed, Embase e SCOPUS e foi conduzida em setembro de 2017. Não houve restrições de linguagem. Apenas estudos prospectivos, retrospectivos e séries de casos foram incluídos para análise qualitativa. Todos os estudos incluídos foram avaliados quanto ao risco de viéses pelas ferramentas Cochrane Risk of Bias Assessment tool e NHLBI Quality Assessment Tool for Before-After (Pre-Post) Studies.

RESULTADOS

Foram identificados 3012 estudos nessas bases de dados, dos quais 19 foram selecionados para avaliação pormenorizada em vista da relevância. Desses, 13 trabalhos foram excluídos porque não preenchiam os critérios de inclusão especificados previamente. Seis estudos foram incluídos para a análise qualitativa. Desses, 3 estudos avaliaram a utilização do ultrassom para excluir posicionamento subcutâneo do dreno, demonstrando sensibilidade de 100% e especificidade de 97%. Um estudo avaliou o uso da ultrassonografia para evitar drenagens subdiafragmáticas usando como controle os parâmetros anatômicos mais utilizados. Nesse estudo, evidenciou-se que houve risco de drenagens subdiafragmáticas em cerca de 25% dos casos sem utilizar o ultrassom. Dois estudos avaliaram a capacidade de se identificar artérias intercostais vulneráveis com a ultrassonografia, determinando uma sensibilidade de 95% e uma especificidade de 97%.

CONCLUSÕES

Esta revisão sistemática demonstra que já existem técnicas ultrassonográficas que podem ser incoporadas nas drenagens toráricas com o intuito de reduzir complicações. A identificação precoce do mau posicionamento do dreno (subcutâneo) evita os riscos de manter a cavidade pleural não drenada até a realização de outros exames, o que pode ser catastrófico nos casos de pneumotórax, por exemplo. A visualização direta do diafragma permite que o cirurgião possa realizar a inserção do dreno sem risco de drenagens subdiafragmáticas ou lesões viscerais abdominais. A exclusão de uma artéria intercostal vulnerável no trajeto escolhido para a drenagem pode potencialmente reduzir as lesões iatrogênicas dessas estruturas.

Área

MISCELÂNEA

Instituições

Hospital das Clínicas, Universidade de São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

Carlos Augusto Metidieri Menegozzo, Everson L A Artifon, Adriano Ribeiro Meyer-Pflug, Marcelo Cristiano Rocha, Edivaldo Massazo Utiyama