Dados do Trabalho


TÍTULO

pancreatite aguda gravíssima em paciente jovem com desfecho desfavorável no único hospital de atenção terciária no extremo norte do Brasil

INTRODUÇÃO

A pancreatite aguda pode se apresentar como complicação em aproximadamente 3 a 7% dos pacientes com litíase biliar. Exames laboratoriais como leucocitose e hiperglicemia são recursos muito utilizados para confirmação de diagnóstico e, expressam de forma fiel o nível de inflamação sistêmica. Estudos experimentais em modelos animais provaram que com a infusão de sais biliares nos ductos pancreáticos acarreta maior probabilidade de desenvolvimento de pancreatite aguda. Acredita-se que a captação destes sais pelas células acinares pancreáticas leve ao aumento do cálcio citoplasmático que, por sua vez, age em vários alvos intracelulares, tais como as mitocôndrias, cujo resultado é necrose celular.

RELATO DE CASO

Paciente L.S.D, 29 anos, residente e natural do município de Boa Vista-RR, sexo feminino, foi encaminhada ao pronto atendimento do Hospital Geral de Roraima (HGR) pela policlínica Cosme e Silva, admitida no dia 26/08/2018, com queixa de espigastralgia de forte intensidade, irradiando para o dorso, acompanhada de náusea e êmese de difícil controle com cerca de 36 horas de evolução. Nega febre e episódios prévios semelhantes. Com história prévia de varicela na infância, sem outras comorbidades. Exames laboratoriais: amilase de 1991,36 U/L, glóbulos brancos 24.230 e Ht 51%. Realizou ultrassonografia de abdome que evidenciou pancreatite aguda biliar moderadamente grave. Raio x de tórax realizado no dia 28/08 evidenciou presença de derrame pleural. Tomografia computadorizada (TC) realizada em 30/08 expressou aumento volumétrico do pâncreas com perda de contornos e densidade heterogênea (compatível com necrose > 50%), vesícula biliar de paredes espessadas e repleta de cálculos no interior, assim como litíase renal a direita. No dia 13/09 foi realizada toracocentese diagnóstica com saída de aproximadamente 280ml de secreção amarelo-escuro, sem características francas de pús. Paciente apresentou piora clínica com instabilidade hemodinâmica, foi levada ao centro cirúrgico em caráter de urgência e fora realizada laparotomia exploradora que evidenciou grande quantidade de líquido livre (cerca de 3L) de coloração marrom em cavidade abdominal. Evoluiu com parada cardiorrespiratória em atividade elétrica sem pulso não responsiva às manobras de reanimação cardiorrespiratória, e quatro horas após o procedimento cirúrgico paciente evoluiu a óbito.

DISCUSSÃO

A doença calculosa biliar é uma condição com elevada prevalência, podendo atingir aproximadamente 10% dos indivíduos em certas populações. Complicações incomuns são as fístulas de vesícula biliar, a síndrome de Mirizzi e o Íleo biliar. Sendo que o Íleo biliar ocorre em apenas 0,5% dos casos de colecistite (REISNER; COHEN, 1994), é uma complicação rara, por isso o seu adequado reconhecimento é importante e, devido à elevada prevalência das doenças biliares e ao nível de gravidade que essa enfermidade pode chegar o relato e apresentação desse tipo de caso é indispensável para melhoria da vivência clínica da classe médica.

Área

VIAS BILIARES E PÂNCREAS

Instituições

Universidade Federal de Roraima - Roraima - Brasil

Autores

Diego Guilherme Santos Portella , Marcello Santos da Silva , Givaggo Henrique Rodrigues da Silva, Helder Teixeira Grossi, Kyldery Wendell Moura Cavalcante , Larissa Erikarla Negreiros Madureira , Ana Carolina Golçalvws Pires , Pedro Gomes Lins de Carvalho