TÍTULO

PROLAPSO URETRAL NA INFÂNCIA: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

O prolapso uretral é uma versão circular da mucosa ao nível do meato uretral, que embora seja uma situação rara, ocorre mais frequentemente em meninas pré-púberes entre 3 e 10 anos de idade. É uma doença que cursa com constipação, infecção urinária de repetição e sangramento vaginal. Apresenta-se como uma massa arredondada ao redor do orifício uretral e corre com sangramento e corrimento vaginal. Sua presença requer diagnóstico diferencial com outros tumores genitais, como rabdomiossarcoma, hemangiomas e muitas vezes confundida com abuso sexual. Essa patologia apresenta uma das causas de sangramento vaginal em meninas nessa faixa etária. (JOHNSON et al, 2010).

RELATO DE CASO

Feminino, 3 anos, deu entrada no pronto socorro com queixa de sangramento vaginal e nódulo na vagina. Ao exame físico, massa arredondada necrosada, com diagnóstico de prolapso de mucosa de uretra isquêmico. Realizado US de rins e vias urinárias para descartar outras patologias, o qual mostrou-se sem alterações. No dia seguinte foi operada e ressecou-se a mucosa com a técnica cirúrgica Kelly-Burnham. Paciente ficou com a sonda por 3 dias, retirou a mesma e permaneceu assintomática desde então.

DISCUSSÃO

Prolapso da mucosa uretral é uma doença benigna e rara, que ocorre mais em meninas pré-púberes. É a inversão da mucosa da uretra distal através o meato externo. A proposta etiológica inclui a fixação do músculo perineal inadequada, fraca ligação entre camadas musculares da uretra, em associação com períodos de aumento da pressão intraabdominal. O diagnóstico diferencial é feito em meninas com sangramento vaginal e massa vulvar, hemorragia devido a traumatismos, prolapso de uretocele, condiloma, cisto periuretral, pólipos e tumores genitais. Os prolapsos uretrais são classificados em quatro categorias, dependendo da extensão da massa e de intensidade da inflamação. Como tratamento inicial tem sido proposto banhos de assento e aplicação local de creme de estrogênio 0,5% ou pomadas com antibióticos. A cirurgia é indicada quando o tratamento conservador é ineficaz, quando recorrente e o desenvolvimento de complicações tais como a necrose da mucosa prolapsada ocorrem. (MARTINEZ & ROSALES, 2010).
Essa alteração pode ser diagnosticada clinicamente sem avaliação de exames laboratoriais e de imagem. O prolapso da mucosa uretral é classificado em quatro graus: prolapso mínimo sem inflamação grau I; prolapso com edema de grau II; massa edematosa saliente para além dos pequenos lábios de grau III; hemorragia grave, necrose ou ulceração do prolapso grau IV.
A técnica cirurgica utilizada é Kelly-Burnham, que consiste em introduzir uma sonda de espessura de acordo com a idade do paciente na uretra; em seguida, é realizada uma incisão entre as suturas de referência da mucosa prolapsada e as bordas são suturadas. É feita a clivagem com pequenos cortes e imediatamente seguida por reconstrução das bordas para secar completamente a mucosa. (JOHNSON et al, 2010).