TÍTULO

LEIOMIOMA GASTRICO: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

Leiomiomas são tumores benignos originários de células do músculo liso, com maior frequência encontrados no útero, sendo as manifestações extrauterinas raras. No trato gastrointestinal são mais comuns no esôfago e representam cerca de 2,5% das neoplasias gástricas. O objetivo deste trabalho foi relatar um caso de leiomioma gástrico em topografia incomum, além de discutir os possíveis diagnósticos diferenciais.

RELATO DE CASO

Homem, 76 anos, encaminhado para o ambulatório de cirurgia oncológica do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HUPAA/ UFAL) por queixa de dor abdominal em queimação, localizada em hipocôndrio esquerdo com irradiação para região epigástrica e retroesternal de início há dois anos e importante perda ponderal. Ao exame físico apresentava dor a palpação superficial e profunda do hipocôndrio esquerdo e epigástrio, sem demais alterações. Endoscopia digestiva alta demonstrava lesão de submucosa de corpo gástrico com cerca de 5 cm de extensão e de caráter endurecido, a hipótese levantada foi de Tumor de Estroma Gastrointestinal (GIST).
Tomografia de abdome total evidenciando imagem de formato oval em parede do estômago, com densidade de partes moles, medindo 3,9x3,5x4,6 cm em seus maiores eixos, com realce ao contraste endovenoso e causando falha de enchimento.
A conduta adotada foi a de realização de Gastrectomia em Cunha Laparoscópica com retirada parcial do corpo e fundo gástrico. Estudo anatomopatológico e imuno-histoquímico da peça definiram o diagnóstico de leiomioma gástrico. Evolução satisfatória no pós-operatório, e obteve alta hospitalar sem complicações. Em seguimento ambulatorial, sem intercorrencias.

DISCUSSÃO

Os leiomiomas verdadeiros do estômago são raros, se apresentando mais frequentes entre os 50 e 70 anos de idade, não havendo predileção por gênero. A maioria das lesões é assintomática, a depender da topografia. No caso relatado o paciente apresentava idade superior àquela descrita pela literatura, além disso, era sintomático. A primeira hipótese levantada foi a de GIST, nesse aspecto, a diferenciação entre ambos é clinicamente importante pois leiomiomas são benignos, já o GIST está associado a um risco variável de progressão e de metástase. Neste caso, os exames demonstraram que não havia nenhuma lesão metastática. Após Imuno-histoquímica verificou-se que a lesão não apresentava receptor para c-KIT e forte e difusamente positiva para desmina e actina do músculo liso, o que é característico dos leiomiomas. A gastrestomia em cunha é o tratamento padrão ouro e, segundo a Associação Americana de Gastroenterologia (AGA), tumorações até 5cm o tratamento é por via laparoscópica, conduta adotada neste caso. Desta forma, diante de tumores gástricos, hipóteses como leiomiomas e GISTs também devem ser levantadas, pois o estabelecimento de um diagnóstico correto quanto as diferentes patologias é de extrema importância para o tratamento e prognóstico do caso.