Dados do Trabalho


TÍTULO

RETOCOLITE ULCERATIVA E COLANGITE ESCLEROSANTE PRIMARIA: DESAFIO DIAGNOSTICO DO ADENOCARCINOMA NAS ESTENOSES DOMINANTES DE VIA BILIAR

INTRODUÇÃO

Colangite esclerosante primária (CEP) é uma afecção auto-imune levando à inflamação cronica, fibrose e destruição das vias biliares intra e extra-hepáticas levando a um risco vitalício de desenvolvimento de colangiocarcinoma entre 10 e 15%. Cerca de 5-7,5% dos pacientes com retocolite ulcerativa (RCU) desenvolvem CEP, o que aumenta em 2 vezes a chance de desenvolver câncer colorretal. (1).

RELATO DE CASO

Homem, 31 anos, portador de retocolite ulcerativa desde 2009, estando controlada com uso de adalimumabe, mesalazina e azatioprina desde 2012. Em 2018 teve piora clínico laboratorial: aumento do quadro diarreico, aumento da calprotectina fecal; piora endoscópica (colonoscopia Setembro de 2018: doença em atividade – Mayo 03). Sem resposta satisfatória com otimização da medicação. Em janeiro de 2019 evoluiu com quadro de icterícia, prurido, acolia fecal e colúria. Internado para estabilização e investigação diagnóstica.
Exames laboratoriais evidenciaram elevação de bilirrubina, enzimas canaliculares e alterações da função hepática. Realizou colangiorressonância e ressonância de abdome superior com contraste que mostraram espessamento das paredes da porção média/distal do colédoco, determinando estenose do mesmo e importante dilatação do colédoco proximal a montante (1 cm de extensão) com transição abrupta. Além de imagem polipóde no interior do colédoco proximal, com base na parede posterior, medindo cerca de 0,7 cm, associado a moderada dilatação dos ductos biliares intra-hepáticos de forma irregular, com áreas de estreitamento entremeados a áreas de dilatação.
Com os achados radiológicos foi possível realizar o diagnóstico de colangite esclerosante primária.
O paciente foi submetido a videolaparoscopia com realização de coledocotomia, polipectomia intra-coledociana, biopsia de estenose distal de colédoco e drenagem de via biliar e da cavidade abdominal.
Anátomo-patológico diagnosticou adenocarcinoma de padrão papilar no fragmento da biópsia de estenose distal, sem atipias no restante das amostras.
Paciente evoluiu no pós-operatório com melhora clínico-laboratorial, recebendo alta hospitalar com ambos os drenos no 6° dia pós-operatório e programação de retorno ambulatorial e programação cirurgica de duodenopancreatectomia. Não indicamos a quimioterapia adjuvante devido a pancolite em curso, o paciente seguirá em acompanhamento clínico no controle da retocolite ulcerativa e do rastreio de cancer colorretal.

DISCUSSÃO

A manifestação hepatobiliar mais importante associada à DII é a colangite esclerosante primária (2). Prevalência de DII em CEP é de 90% e desses 80% são portadores de RCU (3). A característica clínica da CEP é a icterícia sem outros sintomas, podendo evoluir com cirrose, hipertensão portal e falência hepática. O único tratamento definitivo de CEP (1). Pacientes portadores de CEP e DII geralmente cursam com pancolite. (2), entretanto após transplante hepático 1/3 diminui atividade da doença e 1/3 piora a atividade da doença.

Área

VIAS BILIARES E PÂNCREAS

Instituições

Hospital Universitário Professor Alberto Antunes - HUPAA/UFAL - Alagoas - Brasil

Autores

TADEU GUSMÃO MURITIBA, MANOEL ÁLVARO DE FREITAS LINS NETO, MATHEUS LEITE POLIM, JULIANA ARÔXA PEREIRA BARBOSA, ANNA KAROLINE ROCHA DE SOUSA, JASON COSTA PEREIRA JÚNIOR, LUCAS CORREIA LINS, MARIA CAROLINA SANTOS MALAFAIA FERREIRA