TÍTULO

TUBERCULOSE PERITONEAL EM PACIENTE HIV-POSITIVO

INTRODUÇÃO

Tuberculose peritoneal corresponde a cerca de 5% dos casos de tuberculose e pode ocorrer por reativação de TB pulmonar, disseminação hematogênica, infecção do intestino delgado ou por contiguidade. Um fatores de risco para desenvolvimento de TB peritoneal é a infecção pelo vírus HIV. As manifestações clinicas mais comuns da TB abdominal são febre, dor abdominal e ascite. O diagnóstico pode ser suspeitado através da história clínica e exames de imagem como tomografia computadorizada (TC) que evidenciam linfonodomegalias, ascite e espessamento de peritônio, mesentério ou omento.

RELATO DE CASO

Paciente 34 anos, feminino, portadora do vírus HIV há 9 anos. Foi admitida em Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HUPAA-UFAL) referindo quadro de tontura, fadiga em membros inferiores associada a dor abdominal difusa, perda de peso, anorexia e febre há cerca de 20 dias. Teste Tuberculínico positivo (13mm). TC demonstrou achados de coleções com paredes bem formadas e septações em raiz de mesentério, podendo corresponder a linfonodomegalias necróticas e linfonodos atípicos reacionais adjacentes. Devido à suspeita de tuberculose peritoneal foi realizada uma laparoscopia com biópsia. Sendo evidenciado presença de espessamento de peritônio visceral com lesões puntiformes esbranquiçada, linfodonomegalia em raiz mesentérica e pequena quantidade de liquido ascítico.
Anátomo-patológico evidenciou intensa necrose com infiltrado inflamatório histiocitário, por vezes por linfócitos e células gigantes multinucleadas tipo Langhans. A coloração especial para pesquisa de BAAR foi positiva. Estabelecendo-se o diagnóstico de tuberculose peritoneal. O tratamento foi instituído e a paciente segue em acompanhamento ambulatorial.

DISCUSSÃO

M. tuberculosis pode disseminar-se e instalar-se em qualquer órgão, seja durante a primo-infecção ou depois desta, se houver diminuição da capacidade do hospedeiro em manter o bacilo nos seus sítios de implantação. A tuberculose peritoneal ocorre por reativação de focos quiescentes e acomete pacientes com insuficiência renal, portadores de cirrose hepática e indivíduos HIV-positivos. A história clinica apresenta-se com dor difusa e aumento do volume abdominal. A biopsia peritoneal guiada por laparoscopia permite o diagnostico em mais de 95% dos pacientes. O aspecto macroscópico característico, que consiste na presença nódulos esbranquiçados aderidos ao peritônio visceral e parietal, apresenta correlação com achado de serosite granulomatosa com necrose caseosa ao exame histopatológico.