Dados do Trabalho
TÍTULO
OPERAÇÃO DE SERRA-DÓRIA EM PACIENTE COM ACALASIA IDIOPÁTICA GRAU II REFRATÁRIA AO TRATAMENTO CLÍNICO: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
A acalasia idiopática do esôfago é um distúrbio de motilidade esofagiano causado por uma degeneração do seu plexo mioentérico, resultando em aperistalse do órgão e falha no relaxamento do Esfíncter Esofágico Inferior em resposta à deglutição. Os principais sintomas são disfagia progressiva, regurgitação, dor retroesternal e perda de peso. Ocorre com maior incidência entre os 20 e 40 anos de idade.
RELATO DE CASO
Paciente, sexo feminino, 45 anos, relata que há cerca de 11 anos apresentou disfagia progressiva, vômitos e perda de 14 kg, sendo diagnosticada em 2015 com acalasia idiopática. Foi realizada cirurgia de Cardiomiotomia a Heller (CH), permanecendo assintomática por 6 meses, com piora gradativa dos sintomas. Em 2016, realizou dilatação endoscópica (DE) do esôfago, referindo que após 15 dias do procedimento voltou a ter disfagia e vômitos. O exame radiológico contrastado do esôfago (esofagograma) mostrou dilatação do órgão em terço distal medindo cerca de 5 cm e imagem em “bico de pássaro”, compatível com acalasia grau II. Sem melhora do quadro clínico, foi admitida em Hospital de referência da Região Nordeste para nova abordagem cirúrgica, sendo submetida a Esofagocardioplastia de Serra-Dória (cardiomioplastia + gastrectomia parcial + vagotomia e reconstrução em Y de Roux) em junho de 2018. Evoluiu com fístula entérica (teste de azul de metileno positivo) e coleção intra-abdominal, sendo reabordada para lise de aderências e ressutura de anastomose gastroentérica. Evoluiu bem, iniciou dieta oral concomitantemente com sonda nasoenteral, porém, apesar de boa aceitação, apresentou nova fístula com saída de secreção por drenos abdominais. Realizou então tomografia abdominal, a qual não evidenciou coleções definidas, optando-se assim por tratamento conservador através de dieta oral zero e nutrição parenteral total. Paciente foi de alta após 30 dias de internamento, com melhora significativa dos sintomas e da qualidade de vida.
DISCUSSÃO
Vê-se, portanto, que a paciente do caso apresenta um quadro de acalasia idiopática refratária aos tratamentos inicialmente impostos. A clínica e o esofagograma revelaram sinais clássicos da doença, sendo suficientes para fechar o diagnóstico e classificar a afecção em grau II, conforme a classificação de Rezende. Sobre a terapêutica, a DE produz bons resultados a curto prazo, porém, é frequente a recidiva dos sintomas, como ocorreu com a paciente. A CH laparoscópica é considerada o tratamento de escolha para acalasia grau II, com boas repercussões clínicas a curto e longo prazo. Entretanto, mesmo sendo o procedimento de eleição, há recorrência do quadro clínico em até 15% dos pacientes. Com o advento da Esofagocardioplastia de Serra-Dória, essa cirurgia tem sido atualmente uma alternativa a pacientes com recidiva dos sintomas após cardiomiotomia e que apresentem megaesôfago não avançado, como no caso em questão, no intuito de evitar procedimentos mais complexos, a exemplo da esofagectomia.
Área
ESÔFAGO
Instituições
Universidade Federal do Ceará - Ceará - Brasil
Autores
Guilherme Cardoso Fernandes, Giovanna Karen Colares Menezes, Nara Conceição Parente, Matheus Zaian Rodrigues de Fonseca Lira, Kevyn Alisson Nascimento Gurgel, Eugênio Alves Rolim, Annya Costa Araujo Macedo Goes, Heladio Feitosa Castro Neto