Dados do Trabalho
TÍTULO
AMPUTAÇAO DE MEMBRO POR CARCINOMA EPIDERMOIDE DE PELE – RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
O câncer de pele não melanoma (CPNM) é o tipo mais comum de neoplasia maligna do Brasil, cerca de 20% dos CPNM são classificados como carcinoma espinocelular (CEC). O CEC é indolente e sem agressividade na maioria dos casos, permitindo um tempo relativamente longo para o diagnóstico e tratamento antes que o comprometimento do membro seja significativo e a amputação necessária. O objetivo deste trabalho é relatar um caso agressivo de CEC, que culminou em amputação e esvaziamento axilar.
RELATO DE CASO
Paciente S.N.B, 63 anos, branco, masculino, hipertenso e tabagista, encaminhado ao ambulatório de Cirurgia Oncológica por lesão volumosa em dorso da mão esquerda, com cerca de 05 anos de evolução, apresentando odor fétido, dor intensa no local e comprometimento motor de quirodáctilos esquerdos, sem linfonodomegalias palpáveis. Realizada biópsia da lesão, compatível com carcinoma epidermóide moderadamente diferenciado, ulcerado, com extensão à derme reticular profunda. Foi então realizada tomografia (TC) de mão esquerda que evidenciou lesão infiltrativa, sem limites definidos, com envolvimento dos tendões extensores dos dedos e associada a osteólise da cabeça e do corpo do segundo e do terceiro metacarpos. TC de tórax sem alterações. Paciente foi então submetido a amputação de mão esquerda, ao nível de antebraço. Anatomopatológico da lesão foi de carcinoma epidermóide bem diferenciado, medindo 15,4×14,5 cm. Evoluiu inicialmente sem intercorrências cirúrgicas, referindo melhora da qualidade de vida. Após cinco meses da ressecção, apresentou linfonodomegalia axilar à esquerda. Foi procedido esvaziamento axilar, identificando-se lesão invadindo veia axilar. Anatomopatológico de metástase de carcinoma epidermóide, com invasão perineural e embolização vascular tumoral. Paciente foi encaminhado ao serviço de radioterapia e mantém acompanhamento no ambulatório de Cirurgia Oncológica.
DISCUSSÃO
O caso descrito evidencia uma evolução complicada de um CEC. Metástases acometem em geral menos de 6% dos casos e costumam surgir 2 a 3 anos após a lesão primária, principalmente para linfonodos regionais. A possibilidade de metastatização aumenta quando a lesão se localiza em lábio ou orelha ou sobre cicatrizes prévias, e tem mais de 2 cm de extensão ou mais de 0,4 cm de profundidade. O quadro clínico do paciente mostrava grande comprometimento anatômico e funcional, associado a dor intensa. Assim, foi optado pela amputação da mão esquerda a nível do antebraço. Apesar da agressividade da cirurgia, é um procedimento relativamente seguro, com o intuito de melhorar a qualidade de vida de pacientes portadores de tumores irressecáveis de extremidades. Não há consenso acerca da terapêutica radioterápica adjuvante, contudo, estudos evidenciam benefício, com redução da recorrência e aumento da sobrevida nos casos metastáticos, especialmente se associados a acometimento linfonodal ou nervoso e com margens cirúrgicas comprometidas.
Área
CIRURGIA PLÁSTICA (Inclusive neoplasias malignas de pele)
Instituições
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS - Rio Grande do Sul - Brasil
Autores
FERNANDA COUTINHO KUBASKI, CAMILA LIMA RIBEIRO, CELIA EDSANA DE LIMA GONÇALVES, FLÁVIA PIROLLI, JULIANE DA SILVA NEMITZ, LUCIANO NIEMEYER GOMES, NICOLE GOULART SAVIATTO, SERGIO FERREIRA DE FERREIRA FILHO