Dados do Trabalho
TÍTULO
CARCINOMA DE CELULAS DE MERKEL- RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
O carcinoma de células de Merkel é uma neoplasia cutânea rara, primária de células neuroendócrinas, mais comum em pacientes idosos do sexo masculino, com pele clara. Costuma manifestar-se como lesão firme, nodular e única, de coloração avermelhada, com crescimento acelerado, em áreas de maior exposição solar (face, pescoço e membros superiores). O prognóstico e curso clínico são variáveis.
RELATO DE CASO
Paciente do sexo feminino, 68 anos, branca, sem história de exposição solar intensa, hipertensa, procurou atendimento devido aparecimento de lesão cutânea em membro superior esquerdo, com crescimento local. Foi realizada exérese da lesão com resultado do anatomopatológico (AP) evidenciando neoplasia maligna indiferenciada, ulcerada, com limites cirúrgicos comprometidos. A avaliação imunohistoquímica apresentou-se positiva para Citoqueratina 20 (CK20), sinaptofisina, Citoqueratina Cocktail, KI-67 e CD56, compatível com carcinoma de células de Merkel. Concomitantemente, realizou tomografia (TC) de abdome, com linfonodomegalias intra-abdominais envolvendo raiz do mesentério, região pericecal e mesocólon sigmoide. Foi então realizada ampliação de margem de ferida prévia e ressecção de linfonodo sentinela em axila esquerda. AP evidenciou hiperplasia atípica sugestiva de metástase em linfonodo e lesão de pele compatível com carcinoma de padrão neuroendócrino ulcerado, com margem posterior livre de neoplasia. Dessa forma, foi optado por esvaziamento axilar esquerdo, o qual não confirmou metástase. Paciente mantém acompanhamento em ambulatório de Cirurgia Oncológica, assintomática, porém com TC de tórax com lesões de contornos lobulados em lobo superior esquerdo, de etiologia a esclarecer. Aguarda nova avaliação dessas lesões para prosseguir com o tratamento.
DISCUSSÃO
O carcinoma de células de Merkel é uma neoplasia cutânea rara, com alta propensão a metastatização regional e à distância. No momento do diagnóstico, cerca de 20% dos pacientes já apresentam linfonodos positivos. Quanto ao tratamento, a excisão cirúrgica da lesão é recomendada com no mínimo 2-3 cm de margens livres. A biópsia de linfonodo sentinela deve ser sempre considerada, uma vez que o tumor tem crescimento rápido e agressivo, com invasão linfática regional frequente. Pacientes com linfonodo sentinela positivo tem sobrevida média em cinco anos de 50 a 60%. A linfadenectomia profilática não está bem estabelecida, apesar de aumentar controle regional da doença não há dados que confirmem melhora da sobrevida. As opções de tratamento são limitadas em pacientes com doença metastática, havendo pobre resposta à quimioterapia, que deve, em geral, ser associada a radioterapia adjuvante para controle local de doença. Com o advento da imunoterapia e terapia molecular, novos tratamentos estão sendo propostos, mas o carcinoma de células de Merkel mantém-se de difícil tratamento e prognóstico ainda obscuro.
Área
CIRURGIA PLÁSTICA (Inclusive neoplasias malignas de pele)
Instituições
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS - Rio Grande do Sul - Brasil
Autores
FERNANDA COUTINHO KUBASKI, CAMILA LIMA RIBEIRO, FLAVIA PIROLLI, JULIANE DA SILVA NEMITZ, LUCIANO NIEMEYER GOMES, NICOLE GOULART SAVIATTO, SERGIO FERREIRA DE FERREIRA FILHO