Dados do Trabalho
TÍTULO
HEPATECTOMIA DIREITA ESTENDIDA PELA TECNICA DE ALPPS: EXPERIENCIA DE UM CENTRO
OBJETIVO
A técnica de ALPPS é uma estratégia cirúrgica recentemente descrita que permite realizar hepatectomia maior em casos de doença hepática avançada associados a um futuro remanescente hepático pequeno. O método é considerado uma alternativa interessante às técnicas de hepatectomia convencionais devido à hipertrofia significativa em intervalo de tempo reduzido. Os benefícios da técnica são considerados controversos por alguns grupos, provavelmente devido à elevadas taxas de morbimortalidade inicialmente descritas e evidências de benefício oncológico a longo prazo ainda inconsistentes. Esse trabalho tem o objetivo descrever os casos submetidos à hepatectomia com emprego da técnica de ALPPS em um único centro, bem como relatar os desfechos perioperatórios, e correlacionar com dados da literatura atual.
MÉTODO
Foi realizado estudo retrospectivo dos casos submetidos a hepatectomia maior, conforme os princípios da técnica de ALPPS, em um centro com volume superior a 30 hepatectomias/ano, no período de Março de 2016 a Dezembro de 2018.
RESULTADOS
Três casos foram operados com a aplicação do método. Em um média de 11,7 dias obteve-se uma hipertrofia média de 41% (variação de 20% a 66%); e de 119% (de 64% a 156%) no pós-operatório tardio. Foi possível realizar o segundo tempo cirúrgico em todos os casos. De todas as complicações cirúrgicas apresentadas nos dois estágios 85% foram consideradas complicações menores (classificação de Clavien-Dindo I e II). Ao final de 90 dias três complicações cirúrgicas maiores (Clavien-Dindo ≥IIIa) foram identificadas, todas após o segundo estágio cirúrgico. Não houve mortalidade perioperatória. Recorrência ocorreu em menos de 6 meses em todos os casos. A sobrevida após 1 ano foi de 100%, e após 2 anos de 33%.
CONCLUSÕES
A seleção adequada do paciente que pode ser beneficiado por esta abordagem é fundamental. O baixo número de pacientes submetidos a essa técnica em nosso centro se deve principalmente a critérios rígidos na seleção. Apesar de não termos nenhum caso com desfecho desfavorável no pós-operatório, observamos uma recidiva nos primeiros 6 meses em 100% dos casos. Embora a aplicação do ALPPS seja factível e resulte em hipertrofia hepática significativa, o conhecimento acerca da técnica continua em evolução e o benefício oncológico do método precisa ser melhor esclarecido.
Área
FÍGADO
Instituições
Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre - Rio Grande do Sul - Brasil
Autores
Erico Pereira Cadore, Antonio Nocchi Kalil, Angélica Maria Lucchese, Tiago Auatt Paes Remonti, Luiggi Anselmo Leonardi