Dados do Trabalho


TÍTULO

ANEURISMA DE ARCO PALMAR: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

Os aneurismas de membros superiores são raros e geralmente associados a eventos pós-estenóticos ou traumáticos. Os aneurismas da mão acometem mais comumente a artéria ulnar, sendo os aneurismas de arco palmar (AAP) ainda mais raros. A clínica revela surgimento de massa pulsátil indolor, associada a frêmito e insuficiência vascular.

RELATO DE CASO

Paciente do sexo feminino, 82 anos, apresentou lesão pulsátil de aproximadamente 4 cm², associada incômodo não doloroso, em região palmar esquerda. Não apresentava palidez ou cianose nas extremidades, alteração de temperatura, histórico de traumas contusos locais ou outras comorbidades.
A AngioTC evidenciou dilatação aneurismática do arco palmar profundo com dimensões de 2x2x2cm e adequada rede colateral de vasos. Optou-se por fazer a ressecção cirúrgica do aneurisma e ligadura dos vasos adjacentes. A incisão cirúrgica foi feita seguindo a prega palmar estendendo-se até a região hipotenar, revelando aneurisma de arco palmar (AAP) profundo. Em seguida, foram ligadas as extremidades do AAP e feita excisão. O trajeto anatômico do arco palmar profundo não foi refeito devido à boa perfusão dos quirodáctilos, demonstrada pelo teste de Allen negativo durante o intraoperatório.
A análise anatomopatológica da peça cirúrgica confirmou tratar-se de um aneurisma verdadeiro de artéria palmar, acometendo as três camadas vasculares, além de sugerir presença de trombos no interior do saco aneurismático.
O pós-operatório foi bem sucedido, a paciente recebeu alta e não apresentou complicações ou queixas relacionadas até o momento.

DISCUSSÃO

Aneurismas da mão são extremamente raros, descritos sobretudo na artéria ulnar por etiologia traumática-contusa. Aneurismas verdadeiros de arco palmar profundo sem histórico de trauma são ainda mais insólitos, com poucos relatos na literatura. Embora pouco se saiba sobre a fisiopatologia não-traumática desse tipo de aneurisma, no caso apresentado, foi considerada possibilidade de alteração congênita, dada a ausência de contusões locais pregressas. O diagnóstico geralmente é feito pela anamnese e exame físico adequados, mas pode ser auxiliado por EcoDoppler, AngioTC ou Angiorressonância, sendo as duas últimas meios satisfatórios e não-invasivos para se obter o diagnóstico e fazer um bom planejamento cirúrgico sem a necessidade da angiografia. Quanto à terapêutica, a indicação geral é de ressecção, pela técnica convencional ou endovascular, com reconstrução da anatomia vascular se necessária. Para avaliar essa necessidade, deve-se avaliar o grau de perfusão da região por meio do teste de Allen, sendo indicada quando há sinais de isquemia. A técnica optada, a priori, deve ser a que confere maior habilidade ao cirurgião. Ademais, ainda há poucos relatos que descrevem a abordagem endovascular dessa patologia, sendo insuficientes para uma boa análise comparativa do método com a abordagem cirúrgica. Ressalta-se então a necessidade da avaliação criteriosa de um cirurgião vascular para a conduta e desfechos satisfatórios.

Área

CIRURGIA VASCULAR

Instituições

Liga de Saúde Vascular do Distrito Federal - Distrito Federal - Brasil

Autores

Isabella Muhammad Luzente Paulo, Mariana Carolina Braga, Camila Campos Aquino, Júlia Martins Obliziner, Marcelo Alencar Fonsêca, Júlia Fernandes Alvares Silva, Múcio Lopes Fonsêca