Dados do Trabalho


TÍTULO

DERIVAÇAO GASTRICA EM Y-DE-ROUX COMO TRATAMENTO DE DOENÇA DO REFLUXO COM DISMOTILIDADE ESOFAGIANA POR ESCLERODERMIA

INTRODUÇÃO

A esclerodermia é uma doença sistêmica autoimune do tecido conjuntivo, sendo o esôfago o segmento do trato gastrointestinal mais acometido com a prevalência de disfagia e pirose chegando a 80% dos pacientes. A doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) nesses pacientes geralmente é grave cursando com esofagite erosiva, estenoses e esôfago de Barrett , causada pela aperistalse do corpo somada à hipotonia do esfíncter esofagiano inferior. Nos casos de falência do tratamento clínico, o tratamento cirúrgico é indicado. A fundoplicatura gástrica leva à piora da disfagia em 31 a 71% dos casos devido à dismotilidade esofagiana. A derivação gástrica em Y-de-Roux é a conduta antirrefluxo que cursa com menor disfagia pós-operatória quando comparado à fundoplicatura, sendo o tratamento de escolha para estes casos.

RELATO DE CASO

Paciente feminino, 38 anos, portadora de esclerodermia e lúpus eritematoso sistêmico diagnosticados há 24 anos, em uso regular de hidroxicloroquina e prednisona. Há 20 anos, iniciou quadro de pirose e disfagia progressivas sem perda ponderal. Endoscopia digestiva alta demonstrou pequena hérnia de hiato, esofagite péptica grau D de Los Angeles complicada com estenose, apesar do uso de 80mg/dia de pantoprazol. Manometria esofagiana evidenciou hipotensão acentuada do esfíncter esofagiano inferior e aperistalse de corpo esofagiano. Realizada derivação gástrica em Y-de-Roux videolaparoscópica sem intercorrências e com melhora completa dos sintomas.

DISCUSSÃO

Apesar de ser indicada no tratamento da DRGE, a fundoplicatura não é uma boa opção para pacientes com esclerodermia, pois evolui com altas taxas de disfagia e recidiva do refluxo. Para esses pacientes, a derivação gástrica em Y-de-Roux surge como alternativa que comprovadamente trata o refluxo sem promover piora da disfagia. No caso apresentado, demonstramos que a derivação gástrica videolaparoscópica em paciente com esclerodermia com falência de tratamento clínico é alternativa segura para estes pacientes, com melhora clínica significativa. Todavia, ainda são necessários estudos prospectivos e randomizados sobre o tema.

Área

ESÔFAGO

Instituições

Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE - UERJ) - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

Carlos Manoel Pedra Petto Gomes, Yasmin Duarte Bogossian, Beatriz Cunha Marendaz Rodrigues, Gerson Ricardo de Souza Domingues, André George Saul Ronay, Miguel de Miranda Gonçalves