Dados do Trabalho
TÍTULO
RELATO DE CASO: TRAUMA DE DIAFRAGMA COM EXPOSIÇAO DE PERICARDIO
INTRODUÇÃO
As lesões diafragmáticas são raras, representando menos de 1% de todas as lesões traumáticas. Geralmente tratam-se de traumas de alta energia, com associação de lesões de múltiplos órgãos, frequentemente abdominais.¹ Os casos em que há exposição de pericárdio, são raros e pouco descritos na literatura.2
Seu diagnóstico radiológico muitas vezes é complexo, já que exames de imagem apresentam baixa sensibilidade na identificação das lesões. Em casos de dúvida diagnóstica pode-se complementar a investigação com métodos diagnóstico-terapêuticos invasivos, como a laparoscopia, toracoscopia ou laparotomia diagnóstica.3,4
O reparo das lesões diafragmáticas é sempre cirúrgico, sendo a técnica e momento de abordagem, imediata ou tardia, reservados para cada caso específico.5
RELATO DE CASO
Paciente do sexo masculino, 54 anos, morador do Rio de Janeiro – RJ, adentrou na emergência do Hospital Municipal Lourenço Jorge (HMLJ), vítima de atropelamento por caminhão de carga, em baixa velocidade. Na avaliação no centro de trauma, fazia uso de colar cervical e prancha rígida. Ao exame encontrava-se lúcido e orientado em tempo e espaço, taquicárdico, eupneico em ar ambiente, Glasgow 15. Referia dor importante em transição toracoabdominal, em topografia epigástrica, onde apresentava escoriação superficial.
Foi submetido ao método de FAST, sendo evidenciada moderada quantidade de líquido livre peritoneal. Foi submetido a tomografia computadorizada (TC) de abdome e pelve, com contraste arterial e venoso, que confirmou hemoperitôneo, fratura pélvica do tipo livro aberto, e moderado hematoma retroperitoneal.
Assim, foi optado pela abordagem cirúrgica de emergência, sendo feita a estabilização do quadril pela equipe de ortopedia, e a abordagem abdominal pela equipe de cirurgia geral. Foi observada pequena quantidade de hemoperitôneo, associado a laceração diafragmática longitudinal, em sua porção mediana, com extensão de aproximadamente 10 cm, e exposição de saco pericárdico íntegro. Foi feita a rafia da lesão com fio de polipropileno (nº: 0 ; pontos em U) e toracostomia esquerda em selo d’água. Em pós operatório foi encaminhado à unidade de terapia intensiva, em uso de aminas vasoativas em altas doses. Após 48 horas de pós operatório, o paciente evoluiu com estabilidade hemodinâmica, e permaneceu sob uso de prótese ventilatória por três semanas.
Após 60 dias de internação em unidade fechada, recebeu alta hospitalar, sem sequelas.
Segue até o momento em acompanhamento ambulatorial, assintomático.
DISCUSSÃO
No caso descrito Inicialmente priorizou-se a correção da lesão de maior morbidade, com correção de fratura pélvica. E posteriormente, em inventário abdominal, foi evidenciada a lesão diafragmática, que foi corrigida sem que aumentasse significativamente o tempo operatório.
Este trabalho teve como objetivo evidenciar a importância do diagnóstico precoce das lesões diafragmáticas, e reforçar que o tratamento é sempre cirúrgico, estabelecendo caso a caso, seu melhor momento.
Área
TRAUMA
Instituições
hospital municipal lourenco jorge - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
fernanda cravo barroso, victor ammar vidal, pedro pinheiro almeida neves, bruno vaz mello