Dados do Trabalho
TÍTULO
VESICULA BILIAR EM BARRETE FRIGIL: UMA VARIANTE ANATOMICA
INTRODUÇÃO
Descrita inicialmente no começo do século XX por Bartel (1916) e Edward Allen Boyden (1935), a Vesícula Biliar em Barrete Frígil, apresenta um septo parcial ou completo separando o fundo, da vesícula, do corpo, sem apresentar quaisquer relações com patologias do fígado ou das vias biliares.
O termo Barrete Frígil ou “Gorro Frígil”, é originário do reino da Frigia (695 a.C), região correspondente ao centro Turquia, próximo a Ancara. O gorro usado nessa região fora também utilizado com símbolo de liberdade pelos escravos forros do Império Romano, e seu último uso histórico ocorreu com os Sans-Culotte durante a Revolução Francesa.
RELATO DE CASO
Paciente feminina, 70 anos e com histórico de dor abdominal tipo cólica em quadrante superior direito há três anos. Submeteu-se, para investigação diagnóstica, a uma ultrassonografia de abdome total constatando o formato da vesícula biliar em Barrete Frígil contendo múltiplos cálculos em seu interior. Realizados exames laboratoriais com hepatograma sem alterações. A paciente não apresentava antecedentes cirúrgicos prévios e de antecedente clínicos a mesma era portadora de hipercolesterolemia, hipertensão arterial sistêmica, hipotireoidismo e diabetes mellitus tipo II. Diante dos achados e do quadro clínico fora indicada uma colecistectomia videolaparoscópica eletiva. No intra-operatório detectou-se uma constrição em meio a vesícula biliar, corroborando com o laudo da ultrassonografia. A peça cirúrgica apresentava o formato em Barrete Frígil, sem espessamento de parede e com múltiplos cálculos pigmentares em ambas as câmaras do órgão. A paciente recebeu alta no primeiro dia de pós-operatório e apresentou laudo de anatomia patológica evidenciando aspecto de colecistite crônica calculosa.
DISCUSSÃO
A vesícula biliar em Barrete Frígil é uma anomalia congênita anatômica benigna apresentando uma incidência entre 4 a 6% da população humana. Geralmente é assintomática, porém podem existir cálculos em seu interior levando a sintomas comuns de calculose da vesícula biliar. Tal anomalia pode ser identificada pela ultrassonografia, tomografia computadorizada ou ressonância nuclear magnética, fazendo-se um diagnóstico diferencial com neoplasias. Uma vez identificada, ela não tem significância patológica, portanto a colecistectomia profilática não é necessária e a cirurgia é indicada quando sintomática. Em 2017 Kokilavani e Indiran classificaram vesícula biliar em Barrete Frígil em dois tipos, ambos sem diferença quanto ao prognostico, sendo um retro seroso ou oculto que ocorre quando a prega mucosa se projeta para o lúmen e não é visível externamente e o outro seroso ou visível no qual o peritônio segue a curvatura do fundo da vesícula do órgão, refletindo sobre si mesmo, propiciando a visualização externa da variante anatômica, compatível com o caso relatado.
Área
VIAS BILIARES E PÂNCREAS
Instituições
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - São Paulo - Brasil
Autores
Diego Wallace Nascimento, Mateus Calixto Colturato, Marlon Moda, Renata Boralli Tavares de Lima, Pérsio Campos Correia Pinto, Alexandre Maia, José Mauro da Silva Rodrigues