Dados do Trabalho


TÍTULO

CARCINOMA MEDULAR DE TIREOIDE – UM DESAFIO PERSISTENTE À CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO

INTRODUÇÃO

O carcinoma medular de tireoide (CMT) é tumor muito raro, corresponde de 5-8% dos tumores malignos da glândula, acometendo as células C ou parafoliculares. Possui rápida disseminação linfática, desenvolvendo metástases para linfonodos das cadeias cervicais e mediastinais, além de metástases à distância, especialmente para pulmão, fígado e ossos. O sucesso do tratamento depende do estágio clínico do paciente e da adequação da cirurgia inicial, que permanece desafiadora em casos mais avançados

RELATO DE CASO

Paciente feminina, branca, 40 anos, história de bócio tiroidiano de longa data, referindo surgimento, há dois meses, de tumoração cervical à esquerda, de crescimento progressivo. Tireoide palpável, aumentada de volume, consistência endurecida e indolor; e massa cervical sólida, volumosa ocupando níveis II, III e IV. À USG apresentou linfadenomegalias em níveis II e IV, a maior de cerca de 2 cm e volume total de 96 cm³. PAAF favorecendo carcinoma de tireoide, sugerindo tumor pulmonar por apresentar TTF1 positivo. Realizada tiroidectomia total, com esvaziamento do nível central e níveis II, III, IV e V à esquerda. O tumor de consistência pétrea, apresentava-se infiltrativo, aderido à traqueia, faringe e esôfago. Extensa doença linfonodal à esquerda. Devido a adesão do tumor, houve abertura parcial da parede da faringe, sendo então realizada faringorrafia em 2 planos. AP da peça cirúrgica mostrou CMT de 7 cm, classificado pT4a N1b Mx. Paciente apresentou no seguimento sinais de mediastinite, sendo necessário cervicotomia exploradora e traqueostomia. Em seguimento, apresentava CEA=519, T3=2,7, T4=0,63, TSH=100 e calcitonina=8.000. TC evidenciou implantes pulmonares bilaterais com volumosos linfonodos paratraqueais, e lesão lítica em ilíaco. Realizada radioterapia adjuvante e iniciado uso de Vandetanibe. Paciente segue em acompanhamento apresentando queixas de dispneia sem indicação de abordagem torácica

DISCUSSÃO

A cirurgia é atualmente o único tratamento efetivo disponível para pacientes com CMT; tireoidectomia total com esvaziamento radical das regiões central e ipsilateral do pescoço, abrangendo os níveis II a VI. Devido ao comportamento agressivo do tumor e à raridade dos casos, muitos diagnósticos são realizados em fases já avançadas, o que torna as cirurgias com maior morbidade e desafio técnico. No caso, a dissecção da faringe com evolução para mediastinite demonstra uma das formas de complicação. A persistência de sítios tumorais após a cirurgia é um grande desafio, uma vez que o rápido crescimento e poder metastático pode exigir grandes ressecções ou mesmo a não abordagem completa do tumor, determinante no seguimento. Se a cirurgia não for possível ou não for radical, o tratamento com radioterapia pode permitir uma remissão do tumor, juntando-se à quimioterapia como forma de auxilio no tratamento. O diagnóstico e abordagem cirúrgica do CMT permanecem desafiadores para o cirurgião de cabeça e pescoço, devendo este ter sempre em mente a possibilidade de sua ocorrência

Área

CIRURGIA CABEÇA E PESCOÇO

Instituições

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS - Goiás - Brasil

Autores

RICARDO VIEIRA TELES FILHO, DANIEL HENRIQUE PORTO ALMEIDA , GUILHERME DE MATOS ABE , LUCAS HENRIQUE SOUZA DE AZEVÊDO , VICTÓRIA COELHO JÁCOME QUEIROZ, TEYLOR PEDRO GERHARDT, JOSÉ CARLOS OLIVEIRA , GLENDA MORGANA BORGES