Dados do Trabalho
TÍTULO
ROTURA ESPLENICA ESPONTANEA: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
A rotura esplênica espontânea é uma entidade rara, de difícil diagnóstico e elevada taxa de mortalidade, podendo chegar a 20% em algumas séries. Essa elevada taxa está diretamente relacionada com o atraso no diagnóstico e demora terapêutica. Até 8% dos casos evoluem a óbito antes mesmo de serem diagnosticados. Relatamos um caso de paciente feminina com rotura esplênica espontânea sem causa definida tratada cirurgicamente por esplenectomia laparotômica.
RELATO DE CASO
Paciente feminina, de 58 anos, deu entrada no PS com queixa de dor abdominal com piora progressiva há um mês associada a vômitos.Negava outros sintomas. Antecedentes cirúrgicos de miomectomia e três cesáreas. Ao exame apresentava-se em regular estado geral, com dor a palpação difusa do abdome, sem sinais de peritonite. Os exames laboratoriais evidenciavam Hb de 12,40, leucócitos de 16,70, INR 1,09, amilase de 27mg/dl e PCR de 92,40. Foi optado pela realização de tomografia computadorizada que identificou baço com dimensões aumentadas e contornos lobulados (irregularidade do contorno superior, podendo relacionar à isquemia/rotura); coleção adjacente ao pólo superior se estendendo inferiormente no aspecto marginal lateral com focos hiperdensos de permeio e discreto realce capsular , medindo cerca de 9 x 7,5cm no dois maiores diâmetros no plano axial, considerar hipótese de hematoma. Com base nos achados foi realizado uma laparotomia exploratória e optado pela esplenectomia pela suspeita de hematoma infectado. O anatomopatológico evidenciou rotura esplênica com hemorragia parênquimatosa sem causa definida. Paciente recebeu alta em boas condições e segue em acompanhamento ambulatorial com melhora dos sintomas.
DISCUSSÃO
A rotura esplênica idiopática ocorre quase que exclusivamente em adultos, sendo mais prevalente em homens. Há diferentes teorias para tentar explicar a causa dessa entidade clínica, entretanto, carecem de evidências fortes para suportá-las. Os principais fatores de risco são infiltração esplênica por doença hematológica, infarto esplênico e distúrbios da coagulação. Podemos dividir a rotura esplênica em dois grandes grupos: causas não traumáticas (espontâneas/idiopáticas e patológicas) e causas traumáticas. As causas não traumáticas são responsáveis por apenas 0,5% dos casos. A patologia deve ser considerada em qualquer paciente com dor abdominal e choque, independentemente de ter história de trauma. A sintomatologia é inespecífica, como na maioria dos casos de abdome agudo, com dor abdominal, principalmente em hipocôndrio esquerdo e/ou flanco esquerdo, associado a mal-estar, palidez, taquicardia, distensão abdominal e anemia, podendo evoluir para quadros mais graves como peritonite, hipotensão e choque. É de extrema importância a realização de exames de imagem, como: ultrassonografia e a tomografia computadorizada de abdome, sendo esta o padrão ouro. O tratamento atual mais preconizado é cirúrgico, sendo a esplenectomia o padrão ouro.
Área
URGÊNCIAS NÃO TRAUMÁTICAS
Instituições
HOSPITAL GERAL DE CARAPICUIBA - São Paulo - Brasil
Autores
BRUNO AMANTINI MESSIAS, DANIELA TIBIRIÇA DOS REIS, FABIO ORSI CERIBELLI, LUIZA MORAIS DE OLIVEIRA, BEATRIZ QUEIROZ CRUZ, BRENO FALCO, FELIPE FERREIRA GUILHERME, JAQUES WAISBERG