Dados do Trabalho


TÍTULO

TÉCNICAS CIRÚRGICAS PARA A ABORDAGEM DE PACIENTES COM HERNIA INCISIONAL GIGANTE E PERDA DE DOMICILIO NA URGENCIA.

INTRODUÇÃO

As hérnias incisionais gigantes com perda de domicílio representam um desafio terapêutico para os cirurgiões. Essa situação é ainda mais dramática no contexto da Emergência, em que os pacientes apresentam alguma complicação relacionada a hérnia, como encarceramento ou estrangulamento.
Frequentemente os pacientes apresentam outras patologias abdominais de tratamento cirúrgico, como a colelitíase, associadas a hérnias incisionais de procedimentos prévios. O tratamento concomitante eletivo de ambas patologias é controverso. A correção simultânea da hérnia incisional pode acrescentar morbidade e tempo operatório. Entretanto, protelar o tratamento da hérnia resulta em risco aumentado de complicações precoces relacionadas à hérnia.
O tratamento, seja ele eletivo ou de urgência, depende de um amplo conhecimento fisiopatológico e técnico do cirurgião, visando a redução de complicações pós-operatórias como a síndrome compartimental. Devem-se adotar técnicas cirúrgicas adequadas para uma síntese da parede abdominal sem tensão.

RELATO DE CASO

Mulher, 45 anos, obesa grau 2 (IMC 39kg/m2), é admitida com queixa de dor e aumento do volume abdominal, vômitos e parada de eliminação de flatos e fezes há 4 dias. Relata que o quadro se iniciou após uma colecistectomia videolaparoscópica eletiva, convertida por dificuldade técnica. Refere tratamento de câncer de colo uterino há 10 anos com histerectomia e radioterapia. Posteriormente foi submetida a uma retossigmoidectomia à Hartmann devido a complicações relacionadas a retite actínica. Evoluiu com hérnia incisional, corrigida durante a reconstrução do trânsito intestinal em 2013.
Diante da hipótese de obstrução intestinal, realizou uma tomografia de abdome que identificou (O QUE VIRAM?). Foi então submetida a laparotomia exploradora na qual se observou encarceramento do segmento ileocecal sem sinais de isquemia. O tratamento da hérnia incisional exigiu incisões relaxadora, viscerorredução (colectomia direita) e colocação de tela de polipropileno em ponte sobre o omento, objetivando uma síntese sem tensão. Durante o período intra operatório não houve monitorização da pia, porém não havia possibilidade de fechar o abdome primariamente.
Sua evolução foi sem intercorrências no pós operatorio inmediato, apresentou como complicação seroma e uma pequena deiscência da ferida operatória que fechou espontaneamente com curativos diários.

DISCUSSÃO

O manejo de pacientes obesos com hérnia incisional gigante e perda de domicílio permanece um desafio ao cirurgião. A decisão de não operar a hérnia na ocasião de outro procedimento cirúrgico abdominal deve ser considerada com cuidado devido ao risco de complicações da hérnia. Principalmente em situações de urgência, há um elevado risco de complicações pós-operatórias, entre elas a síndrome compartimental abdominal. O tratamento envolve cuidados perioperatórios específicos e o emprego de uma técnica cirúrgica adequada.

Área

PAREDE ABDOMINAL

Instituições

Hospital Das Clinicas SP - São Paulo - Brasil

Autores

Danny Cantos, Abel Murakami, Valdir Zamboni, Carlos Menegozzo, Marcelo Rocha, Celso Bernini, Claudio Birolini, Edivaldo Utiyama