TÍTULO

RESSECÇAO CIRURGICA DE LINITE PLASTICA GASTRICA: UM RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A Linite Plástica (LP), também classificada como Borrmann IV, um tipo de adenocarcinoma gástrico infiltrativo e difuso, se manifesta com sintomas inespecíficos (dispepsia, náusea), insidiosos, e geralmente é diagnosticada em pessoas mais jovens e em estágio avançado. Além disso, costuma acometer todo o estômago, com células pouco diferenciadas e infiltradas principalmente na submucosa, espessando na parede do órgão (Garrafa de Couro). Tem péssimo prognóstico, principalmente pelo alto acometimento dos linfonodos e disseminação peritoneal.
O diagnóstico é difícil e ainda se discute um possível padrão-ouro, já que a LP costuma apresentar a mucosa gástrica com alterações mínimas, tornando a visualização na Endoscopia Digestiva Alta (EDA) inconclusiva e a biópsia negativa para neoplasia em alguns dos casos. O tratamento da LP é muito discutido na literatura atual, questionando o emprego da cirurgia nesses casos. O objetivo deste relato é expor o caso de um homem, 56 anos, que realizou ressecção cirúrgica em Linite Plástica gástrica e está evoluindo para a cura.

RELATO DE CASO

Homem, 56 anos, atendido em 03/2018 apresentando os exames. EDA: Lesão Borrmann IV, com biópsia negativa para neoplasia. Posteriormente foi realizada nova EDA com biópsia, que dessa vez acusou a presença de adenocarcinoma gástrico. Feito o estadiamento com USG e TC, optou-se pela ressecção cirúrgica do câncer, por meio de gastrectomia total + linfadenectomia + omentectomia + Y de Roux + drenagem da cavidade, por videolaparoscopia.
No 8° DPO, evoluiu bem, com evacuações, diurese e ingestão alimentar boas, dreno pouco produtivo, com secreção serosa. Optou-se pela retirada do dreno. No 20° DPO, continuou com boa evolução, peso: 65,4 kg, em uso de domperidona e se alimentando bem. No exame anatomopatológico, dos 38 linfonodos ressecados na cirurgia, 18 mostraram comprometimento. Foi encaminhado ao oncologista, que optou pelo tratamento complementar com radio e quimioterapia. O paciente evolui bem, com aumento ponderal expressivo. Peso de 80 kg, e sem sinal de recidiva da doença 12 meses após a cirurgia.

DISCUSSÃO

Em concordância com a literatura atual, o caso de Linite Plástica apresentado foi diagnosticado em um paciente relativamente jovem (56 anos), já em estágio avançado, e apresentou desafios diagnósticos clássicos da doença, como a precariedade de sintomas e a biópsia negativa para a neoplasia.
A terapêutica apropriada é a principal discussão na literatura atual. Há autores que sugerem que a cirurgia é pouco efetiva no aumento da sobrevida dos pacientes em geral, enquanto outros definem a ressecção cirúrgica como o único método potencialmente curativo e que deve ser parte do tratamento, pois uma parte dos pacientes tem melhora significativa na evolução. O relato apresentado é importante porque contribui para a principal discussão na literatura atual, devido à escolha do tratamento cirúrgico (ressecção total + linfadenectomia) e a evolução positiva do paciente.