Dados do Trabalho


TÍTULO

COLANGITE E SINDROME FEBRIL ICTERICA COMO APRESENTAÇAO INICIAL DE COLANGIOCARCINOMA

INTRODUÇÃO

O colangiocarcinoma é um tumor originado nas células epiteliais que revestem os ductos biliares. Sua faixa etária diagnóstica predominante é descrita majoritariamente em homens de 50 a 70 anos de idade. Representando 2% das neoplasias humanas e 3% das malignidades do trato gastrointestinal, sua apresentação clínica, tratamento e prognóstico estão relacionados à extensão do acometimento da árvore biliar.
O objetivo deste relato é mostrar a evolução clínico-cirúrgica do paciente RLM, 66 anos, masculino, que fora avaliado inicialmente em janeiro de 2019, apresentando síndromes febril ictérica e consuptiva. A hipótese diagnóstica foi firmada a partir de um exame de imagem, que evidenciou alterações de vias biliares e cabeça de pâncreas. À avaliação do serviço de cirurgia geral, optou-se pela realização de videolaparoscopia (VLP) diagnóstica, a partir da qual confirmou-se a suspeita de colangiocarcinoma.

RELATO DE CASO

Paciente RLM, 66 anos, iniciou quadro astenia, adinamia, hiporexia, perda ponderal e febre (não aferida) recorrente em janeiro de 2019, sendo admitido em unidade hospitalar após um mês. O exame físico inicial mostrou icterícia (4+/4), que permaneceu intensa constantemente. O paciente estava febril e tinha abdome globoso, flácido e dolorido à palpação profunda em hipocôndrio direito. Fígado endurecido e de bordas lisas, palpável a 4 cm do rebordo costal. Uma Tomografia Computadorizada prévia revelou dilatação da árvore biliar intra-hepática. Dentre os exames laboratoriais solicitados, observou-se alteração das provas de função hepática e elevação de marcadores CA 125 e CA 19.9.
Foi realizada colangioressonância, cujo resultado revelou pequenos abcessos hepáticos, vias biliares intra e extra-hepáticas dilatadas até área circunscrita que interrompia o ducto colédoco abruptamente (podendo corresponder à neoplasia). A partir disto, optou-se por VLP diagnóstica, que confirmou a presença do tumor e revelou uma vesícula empiematosa. Foi feita colecistectomia associada à descompressão das vias biliares por hepatojejunostomia e enteroanastomose L-L, com derivação em Y de Roux. Além disso, foram feitas biópsia tumoral e biópsia excisional linfonodal.

DISCUSSÃO

O caso exposto revela uma patologia rara que afeta as vias biliares, o colangiocarcinoma. Sua história natural está associada a mau prognóstico e elevada morbimortalidade. O paciente enquadrou-se nos dados epidemiológicos associados a esta neoplasia, cuja forma típica de apresentação histopatológica é de um adenocarcinoma esclerosante que pode estender-se desde o parênquima hepático até as vias biliares distais. O arsenal diagnóstico define-se principalmente por exames de imagem (que permitem a seleção correta de pacientes com indicação de tratamento cirúrgico), laboratório de função hepática alterado e elevação de marcadores tumorais.
De uma forma geral, estudos mostram que o tratamento cirúrgico pela exérese completa do tumor, com margens livres cirúrgicas, ainda é a terapêutica que possui o melhor prognóstico.

Área

VIAS BILIARES E PÂNCREAS

Instituições

Hospital Militar de Área de Manaus - Amazonas - Brasil

Autores

Júlia de Oliveira Chixaro, Marta Helena Morais, Gabriela Pereira de Aguiar, Estefany Pimentel da Silva, Daniel Oliveira Brown