Dados do Trabalho
TÍTULO
DUODENOPANCREATECTOMIA TOTAL: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
O câncer de pâncreas configura como a oitava causa de morte por câncer no Brasil, uma vez que a maioria dos pacientes são diagnosticados em fase avançada. O tipo mais comum é o adenocarcinoma, acometendo mais homens com idade superior a 60 anos. Os sintomas mais frequentes são perda de peso e de apetite, fraqueza, diarreia e tontura. Tabaco, pancreatite crônica, cirrose, obesidade, diabetes e dieta rica em gordura são os principais fatores de risco. Para diagnóstico, solicitam-se exames de sangue e de imagem, como ultrassonografia (US) abdominal e tomografia computadorizada (TC), e marcador tumoral CA 19-9; a confirmação se dá por anatomopatológico (AP). Quando a cirurgia é uma opção como conduta, o indicado é a ressecção; ademais, procedimentos de radio e quimioterapia podem ser utilizados para redução do tumor e alívio dos sintomas.
RELATO DE CASO
Paciente feminina, 64 anos, relata sensação de fisgada em epigastro e dor em hipocôndrio direito irradiando para o dorso por três meses antes da consulta. Exame físico sem particularidades. US abdominal revelou nódulo sólido hipoecoico de 3,5cm de diâmetro adjacente ao corpo pancreático. Em TC de abdome, imagem sólida mal definida isodensa no colo do pâncreas (3,1 x 2,0cm), imagem nodular hipoatenuante no terço médio do corpo (0,5cm); cabeça e processo uncinado com textura heterogênea e infiltração de gordura pancreática, além de trombose total da veia esplênica. Pela ecoendoscopia, lesão hipoecoica irregular de limites imprecisos (3,6cm) no processo uncinado, veia mesentérica superior parcialmente obliterada pela lesão (aspecto neoplásico); AP apresentou área de necrose com debris celulares, ausência de granulomas, pancreatite aguda, BAAR negativo. CA 19-9: 14Ul/mL (VR < 35), IgG4: 9mg/dL (VR 8-14). Proposta duodenopancreatectomia pela alta probabilidade de neoplasia. Constatado extenso tumor poupando região distal da cauda do pâncreas junto ao hilo esplênico. Realizada duodenopancreatectomia total com esplenectomia. AP: adenocarcinoma ductal, grau 2, medindo 7,4cm; invasão perineural presente, margens livres, cinco linfonodos negativos. Apresentou hipoglicemia importante, sendo acompanhada por endocrinologista, com boa recuperação. Adjuvância com gemcitabina.
DISCUSSÃO
Em termos de população mundial, a incidência de câncer de pâncreas é baixa, não sendo recomendado rastreamento pela Organização Mundial da Saúde. Sem rastreamento, o diagnóstico precoce é dificultado, elevando a taxa de mortalidade (sobrevida em 5 anos < 5%), devido ao comportamento agressivo da patologia. Essa taxa não tem sofrido expressiva mudança a despeito dos avanços das tecnologias cirúrgicas nas últimas décadas. Para os pacientes candidatos à ressecção cirúrgica, a sobrevida é, em média, de 12 meses e, para aqueles que não são candidatos, tratados com quimioterapia, de 3,5 meses. Para tanto, faz-se imprescindível o desenvolvimento de novas tecnologias e planos de tratamento a fim de melhorar as taxas de sobrevida e de qualidade de vida.
Área
VIAS BILIARES E PÂNCREAS
Instituições
PUC-RS - Rio Grande do Sul - Brasil
Autores
Cecília Mazzoleni Facchini, Beatriz Piccaro de Oliveira, Luisa Pretto Favaretto, Rodrigo Jeffman, Ricardo Breigeiron, Hamilton Petry de Souza, Daniel Weiss Vilhordo