TÍTULO

INFECÇAO POR BACTERIAS MULTIRESISTENTES EM PACIENTES QUEIMADOS NO BRASIL – UM ESTUDO ASSOCIATIVO

OBJETIVO

A sepse é conhecida como uma disfunção orgânica de importante ameaça à vida, especialmente pela desregulação da resposta antimicrobiana do hospedeiro. Isso ainda se agrava, quando se associa a inevitável imunossupressão e a perda da barreira cutânea que tornam os grandes queimados, atendidos nos centros de emergência especializados, extremamente suscetíveis às infecções por bactérias multirresistentes. A multirresistência, por sua vez, gera impacto significativo, tanto clínico quanto epidemiológico, o que faz desse paciente um desafio ao cirurgião que o atende. Identificar as nuances que influenciam o prognóstico deste paciente é fundamental para se elaborar estratégias eficazes de manejo clínico-cirúrgico. Assim, o presente trabalho propõe avaliar possíveis fatores de risco associados a colonização de bactérias multirresistentes em pacientes das unidades de queimados no Brasil

MÉTODO

Baseada no protocolo PRISMA, a presente revisão buscou avaliar a correlação entre a colonização por bactérias multirresistentes em pacientes queimados e possíveis fatores de risco, vinculados aos serviços de emergências brasileiras, nos últimos 15 anos (2003–2018). Descritores específicos, como “queimaduras”, “infecção”, “Brasil”, foram elencados nos principais bancos de dados, PubMed, SciELO e Cochrane, e, após seleção por critérios de inclusão/exclusão, os trabalhos mais relevantes foram criticamente analisados. Usou-se OpenEpi 2.3 (MIT) e R software v3.5.0 para análises estatísticas.

RESULTADOS

Dos 414 estudos triados, 92 eram potencialmente elegíveis, resultando em 3 publicações que atenderam aos critérios finais de seleção e entraram para a metanálise. Notou-se que os estudos que correlacionaram fatores de risco e o desenvolvimento de colonizações por bactérias multirresistentes, tiveram como alvo Staphylococcus aureus e a meticilina, assim como, Acinetobacter baumannii e o imipenem, especificamente. Dentre os fatores de risco identificados através de metanálise, na realidade de saúde pública brasileira, evidencia-se a transferência entre hospitais (p<0.01; OR=2.36 [1.2-4.6]), uso de ventilação mecânica (p<0.05; OR=4 [1.1-14.5]), uso de cateter central (p<0.01; OR=5.2 [1.8-14.2]) e uso de cateter urinário (p<0.01; OR=5.91 [2.4-14.6])

CONCLUSÕES

Nosso estudo evidenciou que as transferências entre serviços de emergência e tratamento, assim como o uso de ventilação mecânica e de cateteres, são fatores de risco relevantes para a colonização de bactérias multirresistentes em pacientes queimados. Dessa forma, o estudo elenca fatores que proporcionam identificação precoce de pacientes em risco e recomenda aplicação das medidas indicadas por órgãos nacionais de referência para prevenção e controle de bactérias multirresistentes. Outrossim, evidenciou uma escassa quantidade de trabalhos e pouca diversidade de tipos de estudos em bactérias multirresistentes, aplicadas a este tema no Brasil, o que possivelmente impactou nos achados. Por fim, reafirma-se ser fundamental maior estímulo de pesquisas na área